Jair Bolsonaro demitiu o partido que lhe servia de cavalo e
anunciou a fundação de um novo partido, o Aliança pelo Brasil, a partir do
zero. Faz sentido —zero é mesmo o patamar dos partidos políticos brasileiros,
exceto pelas subvenções que eles recebem do dinheiro público. Como Bolsonaro se
diz defensor desse dinheiro, o mais econômico seria que se filiasse a um dos 32
partidos já existentes. Poupá-lo-ia, inclusive, de achar para seu partido uma
denominação que o distinguisse dos outros 32.
Todas as combinações possíveis já pareciam esgotadas. Apenas
entre os que comercializam a sigla trabalho, temos o Partido Trabalhista
Brasileiro, o Partido Democrático Trabalhista, o Partido Trabalhista Cristão, o
Partido Renovador Trabalhista Brasileiro, o Partido Socialista dos
Trabalhadores Unificado e —epa!— o Partido dos Trabalhadores.
Na área socialista ou social-democrata, temos o Partido
Socialista Brasileiro, o Partido Social Cristão, o Partido Social Democrático,
o já citado e meio coringa Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado e o
Partido da Social-Democracia Brasileira, o falecido PSDB. E alguém sabia que o
ex-partido de Bolsonaro, o PSL, se chama Partido Social Liberal?
Não há quem se entenda nessa algaravia de siglas: Pode,
Pros, PCO, PTC, PRTB, PSTU. Há um PSB, um PSC e um PSD —quando virá o PSE? O
dito PCO é o Partido da Causa Operária, com 3.688 filiados que chegam de kombi.
Há o PMB, Partido da Mulher Brasileira, que, dizem, tem mais homens do que
mulheres como adeptos. E a Justiça Eleitoral está analisando os registros de
mais 76 partidos, entre os quais o Partido Militarista Brasileiro e o Partido
Nacional Corinthiano.
Vou sugerir ao pessoal do Bola a criação do Partido Nacional
do Bola Preta. Se a política é uma folia, um partido que leva para as ruas dois
milhões de foliões no Carnaval pode arrasar nas urnas.
*Ruy Castro, jornalista e escritor, autor das biografias de
Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues.
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