quarta-feira, 27 de novembro de 2019

ESSA REPÚBLICA VALE UMA NOTA

Do G1
"O Brasil é um gigante que quanto mais muda, mais permanece igual. Não é à toa que aquele que se apresenta como novo na política, invariavelmente, é o velho com botox. Vide o parto da própria República, que nasce das mãos de um fiel monarquista, um admirador de Pedro II."
O trecho está na apresentação do livro "Essa República vale uma nota – Histórias do Brasil na visão de um impagável colunista de jornal" (Máquina de Livros), assinado pelo jornalista e comentarista de política da GloboNews e TV Globo Octavio Guedes e pelo economista e também comentarista da GloboNews Daniel Sousa. Ambos participam do programa "Estúdio i", da GloboNews.
A ideia da obra – que tem lançamento nesta quarta-feira (27) no Rio e na próxima terça-feira (3) em São Paulo – é mostrar, com escrita bem-humorada, que a política do Brasil "anda em círculos" há 130 anos.
Para fazer o texto, Guedes e Sousa criaram um autor fictício e irreverente, colunista de jornal atuante desde antes da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1899, e morto em 2019. O texto tem formato de "estorinhas sobre a história", como pequenas notas diárias em um veículo impresso inventado.
Para os autores de "Essa República vale uma nota", no entanto, nem sempre os políticos se deram ou se dão conta de que eles próprios representaram ou representam uma espécie de mais do mesmo.
Sem briga com livros de história
Tanto Octavio Guedes quanto Daniel Sousa insistem que o plano não é fazer contraponto a livros de história tradicionais.
"Não temos rigor científico e histórico. Na verdade, o objetivo é ser uma isca para o leitor conhecer casos saborosos e então, caso se interesse por algum assunto, recorre a obras tradicionais. Não é uma oposição, e este não é um livro didático – é um complemente, digamos assim", explica Guedes.
Para Daniel Sousa, "'Essa República vale uma nota' não tem um rigor acadêmico". "Fizemos uma série de associações que, às vezes, são percepções nossas, opiniões. O objetivo é despertar interesse para quem quiser buscar depois um aprofundamento."
Os autores também descartam uma preocupação com o risco eventual por falar sobre política ou estabelecer comparações entre presidentes de épocas distintas. O livro faz associações, por exemplo, entre Jair Bolsonaro e Floriano Peixoto e entre Fernando Collor de Mello e Jânio Quadros.
"Quem pegar o espírito do livro vai ver que é bem-humorado. O que interessa na obra é o 'nhenhenhém' da política, a fofoquinha, a história saborosa", afirma Guedes.
"A única dificuldade foi como tratar as épocas de ditaduras. É um livro humorado, leve, espirituoso, mas a gente não podia fazer graça na ditadura. A solução que encontramos foi censurar a coluna no Estado Novo e igualmente na Ditadura de 64", diz.
"Nesse período, publicamos receita de bolo, por exemplo", conta ele, em referência a um expediente adotado pela imprensa para não deixar vazios os espaços originalmente destinados a matérias que acabaram censuradas.
Homenagem a colunistas de verdade
O colunista inventado por Guedes e Sousa não tem nome, mas adota como referências jornalistas de verdade. São nomes por exemplo, como Elio Gaspari, Ancelmo Gois, Artur Xexéo, Berenice Seara, Zózimo Barrozo do Amaral (1941-1997), Ibrahim Sued (1924-1995) e Jorge Bastos Moreno (1954-2017).
"É uma admiração comum que temos, eu e o Octavio Guedes, por essas pessoas. Foi até uma forma de homenagear, usando alguns bordões, e de expressar admiração", justifica Sousa.
Guedes complementa: "Como o colunista que criamos tem privilégio de 'viver' 130 anos, ele vai vendo que a história anda círculo. Ele até é um otimista, ou começa otimista, mas alterna entre otimismo e desesperança – a coerência não é o forte".
A descrição evoca um comentário de Maria Beltrão, apresentadora do "Estúdio i", no prefácio de "Essa República vale uma nota", assinado por ela.
"Para o pessimista que esbraveja que nunca o Brasil esteve tão mal ou para o otimista que tem certeza de que daqui pra frente tudo vai ser diferente, a fictícia coluna de jornal que nos reconta a história real de nossa República deixa a lição: já vimos esse filme antes (muitas vezes!) e ninguém (ou todo mundo) tem razão."
Lançamento no Rio
  • Quando: quarta-feira, 27 de novembro, a partir das 18h
  • Onde: Livraria Travessa do Shopping Leblon (Av. Afrânio de Melo Franco, 290
Lançamento em São Paulo
  • Quando: terça-feira, de dezembro, a partir das 19h30
  • Onde: Livraria Mandarina (Rua Ferreira de Araújo, 373, Pinheiros)
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