Um novo planeta foi descoberto por um satélite da Nasa. Fica
na primeira galáxia à direita depois do Sol, a cem anos-luz daqui. É um
pouquinho maior que a Terra e, como se constatou, redondo, em forma de globo.
Também como a Terra, gira em torno de si mesmo e de uma
estrela e é dilatado nos polos e achatado no equador, ou vice-versa. Eles o
estão chamando de TOI 700 d, sendo TOI a sigla em inglês para “Objeto de
Interesse do Tess”. Tess é a nova sensação das varreduras espaciais: um
satélite caça-planetas. Desde que entrou em ação, em 2018, já achou três.
Para descobrir um planeta, o Tess passa 27 dias observando
uma estrela, de olho em qualquer oscilação de seu brilho. O que, se acontecer,
terá sido provocado pela passagem de um corpo celeste —um planeta— ao redor
dela. A vida é meio parada no espaço, donde não há outras opções. Mas, para não
restar dúvida, exige-se que tal oscilação se dê pelo menos três vezes. Cada
operação congrega um batalhão de cientistas, quase todos nóbeis, fazendo
cálculos fora do alcance da nossa aritmética escolar.
Pois é armado dessa aritmética de ábaco e de contar nos
dedos que um grupo de novos pitecantropos afirma que a Terra é plana, não
esférica. São os terraplanistas. Indiferentes a 2.500 anos de ensinamentos por
gente como Pitágoras, Aristóteles, Copérnico, Kepler, Galileu, Newton e
Einstein, seus argumentos são os de uma criança de babador. Para eles, a Terra
é chata e em forma de pizza, como se pode constatar, dizem, olhando pela janela
do avião.
Os cientistas de toda parte e de todos os tempos nos
mentiram. As estações espaciais que, lá de cima, nos veem redondos e esféricos,
não existem. A Nasa é um estúdio de efeitos especiais. A Lua também é chata.
Marte, Vênus, Júpiter, idem. Eles acreditam nisso.
Estou propenso a concordar. Mas, antes, meu cérebro também
terá de virar uma pizza.
*Ruy Castro, jornalista e escritor, autor das biografias de
Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues.
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