Durou pouco a alegria de Sergio Moro com a derrubada do juiz
de garantias. Na quarta-feira, o ministro da Justiça comemorou a liminar que
anulou sua maior derrota no governo. Na manhã seguinte, acordou com a notícia
de que Jair Bolsonaro voltou a se movimentar para esvaziá-lo.
Em menos de 24 horas, o ministro mais popular do governo foi
da festa à frigideira. Ao admitir a recriação do Ministério da Segurança
Pública, Bolsonaro ameaçou reduzir os poderes de Moro na Esplanada. Numa só
tacada, o ex-juiz perderia o controle da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária
Federal e do Departamento Penitenciário Nacional.
A mudança tomaria de Moro o figurino de xerife. O ministro
vem capitalizando a queda no número de homicídios, embora o fenômeno tenha
começado no governo Michel Temer. Se a segurança migrar para outra pasta, ele
não poderá mais colher louros pela redução da violência.
Bolsonaro vê o auxiliar como um potencial adversário em
2022. Ele já ofereceu a vaga de vice em sua chapa à reeleição, mas Moro não
mordeu a isca. Agora o presidente volta a mostrar quem é o “capitão do time”,
nas palavras do ministro Augusto Heleno.
O movimento de ontem reacendeu a rivalidade entre bolsonaristas
e lavajatistas. As duas claques reabriram a guerra virtual, com provocações
abertas e ameaças veladas. Contrariado, o ex-juiz mandou novos recados de que
pode pedir demissão.
Além da disputa eleitoral, trava-se um duelo pelo comando da
PF. Bolsonaro já tentou trocar o diretor-geral da polícia, mas Moro bateu o pé
e conseguiu manter o aliado Maurício Valeixo. O ex-deputado Alberto Fraga,
cotado para assumir o Ministério da Segurança Pública, não hesitaria em rifar o
delegado.
Um novo chefe da PF teria influência direta sobre as
investigações que envolvem o caso Marielle Franco e a atuação das milícias no
Rio. São dois temas sensíveis à família presidencial, como Moro faz questão de
lembrar em conversas reservadas.
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