Morreu nesta sexta-feira (24), aos 84 anos, o ex-deputado
Ibsen Pinheiro. Ele foi presidente da Câmara durante o processo de impeachment
de Fernando Collor de Mello, em 1992. Ibsen estava internado no Hospital Dom
Vicente Scherer, na Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre.
Segundo familiares, Ibsen tinha descoberto há pouco tempo um
tipo de câncer na medula. Ele morreu por volta das 21h devido paradas
cardiorrespiratórias.
"Ele não ficou bem na quinta, na sexta-feira nós
retornamos [ao hospital]. O doutor que cuidava dele resolveu que ele
tinha que ficar internado. Às 20h, ele olhou para o relógio, reclamando que
tava numa emergência, que queria ir para casa. Aí ele disse 'se eu tenho que ficar
aqui, quero um comprido pra dormir'. Eu vi que ele estava mal, chamei a
enfermagem, dois minutos tinha 10 médicos no quarto, me fizeram sair e ele teve
três paradas consecutivas, essa foi a causa", afirma a companheira de
Ibsen, a jornalista Jussara Oliveira da Silva, de 69 anos.
Filiado ao MDB do Rio Grande do Sul, foi deputado federal
por quatro legislaturas, entre 1983 e 2011. Ibsen também foi integrante da
Assembleia Nacional Constituinte, responsável pela Constituição de 1989.
Além da carreira política, Ibsen era jornalista, advogado e
atuou como promotor e procurador da Justiça. Ele trabalhou na Rádio Gaúcha e
Zero Hora, durante a década de 1960 e depois, retornando em 1971.No futebol,
ele foi presidente do Inter.
O velório está ocorrendo na Assembleia Legislativa, em Porto
Alegre, das 9h às 16h.
Repercussão
Em uma rede social, o presidente da Câmara do Deputados,
Rodrigo Maia, lamentou a morte de Ibsen e disse que ex-deputado comandou a casa
em um dos momentos mais importantes da democracia brasileira, além de ser um
exemplo.
"Ibsen foi um exemplo para mim, tive a oportunidade de
conviver e aprender muito com ele. Perdemos um homem público
diferenciado", escreveu Maia.
O ministro da Cidadania, Osmar Terra, afirmou que Ibsen foi
um dos mais brilhantes políticos brasileiros. "Com uma enorme capacidade
de formulação e de compreensão da política. Fará muita falta ao Rio Grande e ao
Brasil!", escreveu em uma rede social.
O Sport Club Internacional também prestou homenagem ao
político e ex-presidente do time. "Nossos caminhos estarão ligados para
sempre. A paixão e o trabalho de Ibsen Pinheiro levaram o Clube do Povo ao topo
do Brasil", postou o clube.
O governador Eduardo Leite (PSDB) lamentou a morte e
decretou luto oficial de três dias no Rio Grande do Sul. "Recebi com
tristeza a notícia do falecimento do deputado Ibsen Pinheiro. Ibsen foi homem
público incansável na luta por um país melhor. Sua trajetória política, marcada
pelo diálogo e pelo respeito, deixa grande legado ao Brasil", escreveu
Leite.
Trajetória
Natural de São Borja, Ibsen Pinheiro morava no bairro
Petrópolis, em Porto Alegre.
A carreira na política começou em 1976, quando foi eleito
vereador de Porto Alegre pelo MDB. Dois anos depois, elegeu-se deputado
estadual e em 1983, deputado federal, retornando em 1986.
No início da década de 1990, Ibsen Pinheiro foi um dos nomes
mais importantes da política nacional, presidindo a Câmara dos Deputados em
Brasília, entre 1991 e 1993. No ano seguinte, acabou afastado da vida política
diante do escândalo dos anões do Orçamento. Ele teve o mandato cassado por 296
votos a favor e 139 contra, em um processo polêmico. A ação criminal foi
arquivada por falta de provas.
O jornalista voltou à câmara dos deputados em 2006 e, em
2014, se reelegeu deputado estadual, cumprindo seu mandato na Assembléia
Legislativa até 2018.
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