Estava tudo dominado no Brasil, em Angola e em Portugal.
Inquéritos nas duas margens do Atlântico mostram como políticos e empresários
ganharam fortunas em negócios obscuros e interligados, com dinheiro das
empresas estatais Petrobras e da Sonangol e a participação de bancos e fundos
públicos brasileiros, angolanos e portugueses.
Nesse bioma floresceu Isabel, afortunada primogênita do
ex-presidente angolano José Eduardo Santos, com US$ 2 bilhões em patrimônio,
acionista de 424 empresas, das quais 155 em Portugal e sete no Brasil,
disseminadas por setores como energia, finanças e comunicações.
É sócia (15%) da Galp, que explora petróleo em sete áreas da
costa brasileira (na Bacia de Santos, projeto Lula/Iracema). Os laços se
estendem ao grupo Sonae, com 40 mil empregados, e avançam pela praça financeira
europeia, onde liquida 42,5% do banco EuroBic. Nada seria possível sem o aval
de governos e de auditorias como BCG, PwC e McKinsey.
Pode-se olhar para Isabel como filha dileta da cleptocracia
angolana, mas não é possível abstrair vínculos do chefe do clã Santos, o
ex-presidente José Eduardo, do seu vice Manuel Vicente e de alguns generais do
MPLA em Portugal e no Brasil.
Em Portugal há inquéritos sobre pactos angolanos com o
ex-primeiro-ministro José Sócrates, o banqueiro Ricardo Salgado (Espírito
Santo), e executivos como Armando Vara, ex-presidente da Camargo Corrêa em
Angola, hoje preso.
No Brasil, as alianças da cleptocracia se consolidaram sob
Lula, privilegiaram a família Odebrecht, e abrangeram outros, como a Asperbras
(grupo Colnaghi). A Lava-Jato coleciona testemunhos de Emílio e Marcelo
Odebrecht, do ex-ministro Antonio Palocci e de ex-diretores da Petrobras sobre
várias transações nebulosas. Uma delas foi relatada por Nestor Cerveró, antigo
chefe da área Internacional da Petrobras. Ele contou como Angola “contribuiu”
com US$ 12 milhões, o equivalente a R$ 48 milhões, para a campanha de reeleição
de Lula em 2006.


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