O Estado de São Paulo me pediu um texto sobre as
consequências políticas do coronavírus. Queriam apenas 15 linhas. Na verdade,
muitas variáveis ainda estão encobertas. Ainda assim, tentei achar um paralelo
histórico para essa disputa que acontece entre bolsonaristas e o setor da
sociedade que defende o isolamento para preservar vidas.
Lancei o exemplo histórico da Revolta da Vacina em 2004 mas
preciso estudar um pouco mais para determinar semelhanças e diferenças. Muitas
outras pessoas vão opinar neste interessante iniciativa do Estadão. De qualquer
forma, o texto é este:
A grande divisão hoje no Brasil é entre os que querem manter
o isolamento social para evitar mortes em massa e os que acham necessário
voltar logo à atividade econômica.
Não tenho condições ainda de avaliar que tipo de
consequência cada uma dessas posições terá sobre seus defensores. De um lado, o
Presidente da República, de outro governadores e a imprensa.
O exemplo mais próximo da Itália terminou com uma espécie de
mea-culpa dos defensores da ideia de que não se pode parar para achatar a curva
de crescimento do vírus. O prefeito de Milão é um exemplo dos que confessaram
seu equívoco em combater o isolamento.
No princípio do século, o Brasil viveu a chamada Revolta da
Vacina, uma rebelião popular contra a vacinação obrigatória antivaríola.
A Revolta da Vacina era uma reação também às mudanças
urbanísticas destinadas a melhorar as condições sanitárias de um Rio de Janeiro
imundo e empesteado.
As forças em jogo são diferentes e só com um estudo mais
rigoroso será possível estabelecer ou descartar o paralelo.
No nível mais imediato, os políticos uma grande pressão para
reduzir os custos de seu trabalho, reduzindo salários, racionalizando os
gastos, dividindo com a população os grandes sacrifícios por que ela passará.
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