Não cheguei à Presidência para perder para esses urubus,
diz Bolsonaro em novo ataque à imprensa
Em mais um ataque à imprensa, o presidente Jair Bolsonaro
(sem partido) afirmou nesta sexta-feira (3) que não chegou à presidência da
República "para perder para esses urubus aí".
Bolsonaro deu a declaração ao responder a uma apoiadora, que
disse a ele que "Deus é o senhor do tempo" e que o melhor da vida do
presidente ainda está por vir. "Eu não cheguei aqui... pelo milagre da
facada, e a eleição também, para perder para esse urubus aí", respondeu o
presidente, ao gesticular em direção ao grupo de repórteres que diariamente
acompanha a sua entrada e saída do Palácio da Alvorada.
Ao descer do comboio presidencial, Bolsonaro pediu que seus
simpatizantes se juntassem mais próximos da portaria do Alvorada, para que
ficassem longe dos jornalistas —que aguardam em local separado.
"Vamos vencer essa guerra, pessoal", também disse
o presidente na ocasião. A um apoiador que afirmou "só estamos esperando a
tua voz", Bolsonaro respondeu: "Vai chegar a hora certa aí".
Ele não se dirigiu em nenhum momento aos jornalistas. Aos
apoiadores teceu novas crítica às ações de isolamento social tomadas por
governadores. Ele disse que a sociedade brasileira "não aguenta ficar
dois, três meses parada". "Vai
quebrar tudo", declarou o presidente.
"Vocês sabem do meu posicionamento: não pode fechar
dessa maneira, e atrás disso vem desemprego em massa, miséria, fome, vem
violência", disse Bolsonaro, ao ser interpelado por um simpatizante que se
queixou de medidas do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB),
que determinou
o fechamento de comércios e a suspensão de aulas.
"Esse vírus é igual a uma chuva. Vai molhar 70% de
vocês. Isso ninguém contesta. Toda a nação vai ficar livre da pandemia depois
que 70% for infectado e conseguir os anticorpos. Desses 70%, uma pequena parte,
os idosos e quem têm problema de saúde, vai ter problema sério e vai passar por
isso também."
"O que estão fazendo [com o isolamento social] é adiar
[a transmissão do Covid-19] para ter espaço nos hospitais. Mas tem um detalhe:
a sociedade não aguenta ficar dois, três meses parada. Vai quebrar tudo."
Em outra referência a governadores e prefeitos que
determinaram políticas de restrição de movimento nas ruas, ele acusou ainda
"algumas autoridades" de praticar "demagogia". "A
opinião pública aos poucos está vindo para o nosso lado. Os políticos têm que
ouvir o povo. Sabemos que vai
ter morte, não negamos isso. Morre de gripe comum, morre de H1N1",
concluiu.
Bolsonaro tem sido criticado por governadores e
especialistas em saúde pública por suas declarações em que minimiza o impacto
do novo coronavírus e faz apelos pela volta da normalidade. O argumento de
sanitaristas e infectologistas é que o isolamento social é efetivo para a redução
da velocidade de proliferação da Covid-19.
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