Embora eu saiba que não estou autorizada a falar do
psiquismo de quem quer que seja, a fazer nenhuma analise selvagem de uma pessoa
que não conheço, posso, sim, me autorizar a divagar, a fantasiar diante de
qualquer realidade.
Nessa linha, tenho tentado entender um pouco esse tão
limitado presidente que o Brasil arrumou. Como esse homem tão precário
intelectualmente, tão primário, tão inculto, pode dar conta de uma tarefa tão
árdua e complexa como governar um país gigantesco em problemas, em diversidade,
em território?
Não consigo não ver nele um old-adolescent, rebelde sem
causa, criando paranoicamente suas lutas e inimigos. Nos adolescentes sempre
podemos encontrar esses traços, atuações e inconsequências que até podem lhes
ensinar coisas importantes na vida, mas principalmente eles, no fundo, sabem,
que aprontam porque ainda têm os pais como retaguarda e que podem segurar com
eles as consequências de suas bobagens. As besteiras não ficam tão serias
porque, mesmo que neguem, ainda estão sob a responsabilidade dos pais. Embora
os generais, o Guedes e outros fiquem lhe puxando as orelhas, o presidente não
deixa de mostrar o que é, onde está. Como um adolescente, nunca se responsabiliza
por seus atos, sempre foram os outros os culpados: -a imprensa, os
perseguidores, a esquerda, os comunistas, o PT. Quando percebe que errou e tem
que voltar atrás, faz torções inacreditáveis dos fatos, como se, numa época de
tantas tecnologias, pudesse negar seus atos e falas. Inconsequentemente, também
como um adolescente, ele é capaz de debochar de pessoas, do povo, e de muitos
adultos que são o que ele não consegue ser, como faz agora com os especialistas
da saúde. Desafia e banaliza a autoridade e o saber que deveria respeitar.
Nunca esperei realmente que ele pudesse ser diferente, mas
também nunca imaginei um tal nível de despreparo, de desrespeito, de
incapacidade.
Na falta de poder se inserir, verdadeiramente nos problemas
e necessidades do país, ele se dedica a fazer intrigas e fofocas, a amar
desmedidamente seus ídolos ( Trump, Ustra, etc) e a odiar amargamente quem dele
discorda e não o reconhece no lugar (impossível) no qual ele exige ser
reconhecido.
E a Tchurma? - Não mexam com meus filhos ( que , aliás, são
mais extensões dele mesmo que outra coisa), não mexam com meus amigos, se são
milicianos não importa. Não toquem neles! Com meus amigos fecho até a morte!
Para eles sou ídolo! A eles os empregos mais valorizados!
Tem também aquele lado da pirraça das crianças e dos
adolescentes: - “aH! Vcs estão criticando, a imprensa tá falando mal?
Especialistas dando opiniões? Agora é que vou manter os ministros criticados,
okei? Fica o Weintraub, fica o Ernesto também, Damares, o Salles nem se fala!”
Quem sabe poderíamos começar a criticar fortemente o
Mandetta porque será nossa chance que ele fique para continuar seu trabalho.
Mas, pelo visto, o capitão já percebeu que o pobre do Mandetta está dando muito
ibope nesse país acéfalo.
Já repararam como a gente se ocupa dele o tempo todo? Todo
dia esperamos uma bobagem nova, todo dia apronta uma, todo dia ele precisa se
fazer presente e nunca é por uma ação legal, por uma reflexão, por decisões
importantes para os brasileiros! Agora deve estar como pinto no lixo, com todos
os jornais mundiais falando dele! Todos estupefatos com tamanha
irresponsabilidade, tamanha boçalidade. Que maravilha! Quantos inimigos novos
para combater ou pirraçar!
Na falta de outras condições de expressão (isso ele
demonstrou sempre, desde a campanha, se recusando a participar de qualquer
debate), se especializou em redes sociais, - que para ele são atos mais do que
suficientes para um governante, onde escreve e se exibe para seus amigos e
seguidores e manda recados desaforados para os dasafetos ou para os que não o
compram pelo preço que ele acha que vale. Fala também diariamente no portão de
casa para seus seguidores que ali se amontoam para paparicá-lo, mandando
recados que cada vez mais tomam ares ridículos
É muito impressionante também como ele não tem o menor
respeito pelos seus colaboradores. É capaz de expor, criticar ou ir contra um
ministro escolhido por ele, muitas vezes pela imprensa, só pelo fato de achar q
o colaborador pode ameaçar ter mais visibilidade que ele.
O presidente, no fundo, deve saber da sua total falta de
condição para governar, saber que não consegue nem conseguirá responder às
demandas desse país Macunaíma, com seus tão parcos recursos pessoais. Acho que
o fato de ter escolhido tantos generais como auxiliares, pode mostrar, além da
ideologia que abraça, que ele apostou muito numa autoridade incontestável (pelo
menos para ele), que poderia endurecer se ele disso precisasse dentro da sua
fraqueza e das suas impossibilidades. Lembram de seu desfile em carro aberto no
dia da posse? Porque ele precisou trazer um pit-bull armado atrás dele, um
doublé de si mesmo, para saudar o povo que o elegeu?
O apelo às armas é outro ponto para pensarmos: não tem
conversa, vamos armar o povo! É o argumento que ele acha que conhece, no qual
se locomove com mais facilidade. Quem nele votou sabia que nos quase trinta
anos que passou no Congresso só se preocupou com a bancada da bala e com o
salário dos militares! Como pôde um deputado, em tantos anos de mandato, eleito
por um estado com tantos problemas, só ter criado caso, agredido pessoas e
entretido um fazer nulo? Poderia ele sair dessa condição como presidente?
Entre outros motivos, claro, penso que sua homofobia, seu
racismo, sua misoginia tem a ver também com essa tão pouca possibilidade de
entender a diferença, de reflexão, de compreensão do desconhecido. É melho para
ele se fechar nos seus pobres conhecimentos e convicções e tomar a posição
acusatória com quem é diferente, para não correr o risco que essa diferença se
aproxime dele. Melhor atacar o que não se quer conhecer para que isso fique
longe, que não ameace! Fantasias homossexuais? Deus me livre! Isso é coisa de
viado!
Seria bom que o país o esquecesse, conseguisse deixa-lo de
lado, não publicasse suas bobagens! Quem sabe ele se cansasse da brincadeira e
fosse embora? Assim como está, está ótimo para ele..., já está pensando em 22!
Quer continuar com seu circo e as brincadeiras. Quer continuar no picadeiro.
Para mim, um circo de horrores!
Maria ida Fontenelle é psicanalista
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