A atonia da equipe econômica em destravar o auxílio
emergencial de R$ 600 aos informais tornou-se objeto de reações vocalizadas por
autoridades do Congresso, do STF e do TCU, por uma ala expressiva do mundo
político e econômico e, nos bastidores, até por gente do governo.
Os dados do Datafolha desta sexta-feira (3) são reveladores
de como também bateu na população a demora do Ministério da Economia em
responder, entre outras situações, à deplorável condição que enfrentam 54
milhões de brasileiros —segundo cálculos oficiais. A avaliação da pasta na
crise é reprovada por 20% dos ouvidos e considerada regular por 38%. Para 37%,
a atuação é boa/ótima.
Paulo Guedes entrou em negação e resistiu o quanto pôde a
medidas de enfrentamento do tsunami provocado pelo coronavírus. À Folha, em 15
de março, declarou que poucos dias antes fora surpreendido por um estudo do
Banco Central indicando que a velocidade de contágio do vírus no Brasil seria
maior do que a da Itália. Até então, não tinha um plano e previa que, se a
pandemia fosse severa, ainda assim o PIB poderia crescer 1% no ano. Estamos
oficialmente em 0,2% e ladeira abaixo.
Ontem, o ministro tentou de novo explicar a lentidão para
liberar o benefício emergencial. Falou em blindagem jurídica e legislativa para
a despesa, que será maior que todo o desembolso dos ministérios neste ano com
gastos não obrigatórios. Escancarou divergências entre alas de sua equipe sobre
a necessidade de mudança constitucional para garantir o pagamento. Destacou que
o atraso de dias não é nada perante a logística gigantesca para levar o
dinheiro às famílias.
No cipoal burocrático, falta ainda um decreto presidencial
para operacionalizar o auxílio —fora alguma circular ou norma que alguém dirá
ser preciso ter. As “manobras colossais”, como Guedes chamou seu pacote
econômico, nenhum país emergente executou “com tanta rapidez”, segundo ele.
Não há do que se vangloriar.
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