O bolsonarismo raiz, fanatizado, sempre tentou esconder seu
verdadeiro rosto. Essa gente que tem aversão a pobres, exala ódio, ignorância,
racismo, misoginia, homofobia, xenofobia, autoritarismo e um sem-fim de
ignomínias sabia que não podia sair ao sol com sua pavorosa face sem algum
manto de cobertura.
Com isso, pilantras os mais variados, que não pensariam duas
vezes em embolsar o troco a mais no caixa de supermercado, passaram a propagar
a sua arenga anticorrupção.
Todos de braços dados no conhecido último refúgio dos
canalhas, em uma orgia verde e amarela de uma devoção tão incontida à pátria
que só lhes faltava deitar ao chão e enfiar torrões de terra goela adentro. E,
nesse teatro, os canastrões da própria vida buscavam convencer o mundo e a si
mesmos da sua nobreza de sentimentos.
Mas agora a pornografia está explícita. Bolsonaro está nu. E
o bolsonarismo terá que defender seu asqueroso modo de pensar a vida sem a
desculpa esfarrapada de que quer um Brasil livre de corrupção.
A mamata acabou. Não necessariamente pela saída de Sergio
Moro. O xerife da Lava Jato tem sérias contas a prestar com a história por ter
pulado na nau bolsonarista logo após a eleição, quando nenhum adulto com mais
de três neurônios poderia alegar inocência sobre quem era Jair Bolsonaro e o
que ele representava.
Refiro-me especialmente a dois outros fatores: o primeiro, a
aliança que o capitão busca agora com o centrão, que há anos ele tratou como
coisa mais suja do que pão que o diabo amassou com o rabo. Velha política
corrupta. Agora querem ser um só. Saem os bonecões infláveis de Moro
super-homem e entram os de Roberto Jefferson, o vingador. O segundo, a
escancarada tentativa de manietar a Polícia Federal em nome de interesses
inconfessáveis.
Outra vez recorro a João Montanaro e sua charge em que
Scooby-Doo e sua turma revelam a real face do presidente. Sob a máscara de Jair
Bolsonaro sempre esteve Jair Bolsonaro. Todos sabiam disso.
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