Deputado Eduardo, no tuíte que você postou no dia 1º de
abril, chamou o Covid-19 (SARS-CoV-2) de "vírus chinês", o que se
trata de mais um insulto à China que você fez depois de ter postado tuítes em
18 de março para atacar maliciosamente a China.
Você é realmente tão ingênuo e ignorante? Como deputado
federal da República Federativa do Brasil que possui alguma experiência em
tratar dos assuntos internacionais, você deveria saber que os vírus que causam
pandemia são inimigos comuns do ser humano, e a comunidade internacional nunca
chama os vírus pelo nome de um país ou região para evitar a estigmatização e a
discriminação contra qualquer grupo étnico específico. A Organização Mundial da
Saúde seguiu esta regra do direito internacional para chamar o novo coronavírus
de Covid-19 (SARS-CoV-2). Além disso, ainda está por se confirmar a origem
deste vírus. O surto de Covid-19 em Wuhan não significa necessariamente que
Wuhan foi a fonte inquestionável do novo coronavírus.
O diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados
Unidos já reconheceu que, durante a chamada "epidemia de gripe" nos
Estados Unidos, no ano passado, algumas pessoas teriam morrido por Covid-19.
Isso justifica que, muito provavelmente, os Estados Unidos foram a fonte da
Covid-19. Mas podemos batizar o Covid-19 (SARS-CoV-2) como "vírus
norte-americano"? Não! Do mesmo modo, ninguém no mundo pode chamar o zika
como "vírus brasileiro", apesar do fato de a epidemia de zika ter
acontecido e ainda acontecerem casos frequentemente no Brasil.
É por causa do seu ódio à China que ataca frequentemente a
China? Mas de onde vem esse ódio? A aproximação entre a China e o Brasil é
resultado de um desenvolvimento histórico com alicerce natural. Tanto a China
como o Brasil são grandes países emergentes com território e população
gigantes, com culturas ricas e coloridas e povos simpáticos e amigos. Ambos os
países possuem planos grandiosos para promover a prosperidade e riqueza
nacionais, bem como ambição para salvaguardar a paz e justiça internacionais. É
ainda mais importante o fato de que não há divergências históricas nem
conflitos atuais entre os dois países, que já se tornaram parceiros
estratégicos globais. O povo chinês sempre abraça o povo brasileiro com sincera
amizade, tratando o Brasil como nosso país irmão e parceiro. O respeito
recíproco e a cooperação de ganhos mútuos de longo prazo entre os dois países
trazem benefícios pragmáticos para os dois povos. Por dois anos consecutivos,
dois terços do superávit do comércio exterior do Brasil vieram da China, o seu
maior parceiro comercial! É por isso que tanto a geração do seu pai como a da
sua idade estão todos se dedicando a promover a cooperação amigável
sino-brasileira. Em resumo, os seus comportamentos remam contra a maré e não só
colocam você no lugar adverso do povo chinês de 1,4 bilhão, mas também deixam a
maioria absoluta dos brasileiros com vergonha, bem como criam transtornos ao
seu pai, que é o presidente da República. É realmente uma prova de ignorância a
respeito do tempo atual!
Será que você recebeu uma lavagem cerebral dos Estados
Unidos e quer ir firmemente na esteira deles contra a China? Os Estados Unidos
eram realmente um país grande e glorioso. No entanto, neste ponto crítico do
avanço da civilização humana, os EUA perderam sua posição histórica e o sentido
de desenvolvimento, tornando-se quase totalmente causadores de problemas nos
assuntos internacionais, e uma fonte de ameaça à paz e segurança mundiais. Os
líderes atuais norte-americanos já se esqueceram dos ideais dos fundadores do
país de assegurar a justiça. Ademais, tornaram-se monstros políticos cheios de
preconceitos ideológicos contra os outros países e sem capacidade de governar,
o que pode ser justificado pelo desempenho horrível no combate à pandemia de
Covid-19 nos EUA. Por outro lado, sendo uma potência cheia de vitalidade e em
ascensão, o Brasil deve e é capaz de fazer contribuições importantes para o
progresso da civilização humana, desde que tenha sua própria visão estratégica,
possua sua perspectiva correta sobre os assuntos internacionais e desempenhe
seu próprio papel construtivo. O Brasil não deve tornar-se um vassalo ou uma
peça de xadrez de um outro país, senão o resultado seria uma derrota total num
jogo com boas cartas, como diz um provérbio chinês.
Deputado Eduardo, há pelo menos uma semelhança entre a
cultura confucionista chinesa e a cultura cristã brasileira, que é a crença em
que sempre existe a causalidade em tudo, razão pela qual a gente tem que pensar
nas consequências antes de fazer qualquer coisa. Como não é uma pessoa comum,
você deveria entender melhor essa razão. O que é o mais importante para o
Brasil agora? Sem dúvida, é salvaguardar a vida e a saúde de centenas de
milhões de pessoas, e reduzir ao mínimo o impacto da pandemia na economia do
Brasil, da China e do mundo, através da cooperação China-Brasil no combate à
Covid-19. A China nunca quis e nem quer criar inimizades com nenhum país. No
entanto, se algum país insistir em ser inimigo da China, nós seremos o seu
inimigo mais qualificado! Felizmente, mesmo com todos os seus insultos à China,
você não conseguirá tornar a China inimiga do Brasil, porque você realmente não
pode representar o grande país que é o Brasil. Porém, como é um deputado
federal, as suas palavras inevitavelmente causarão impactos negativos nas
relações bilaterais. Isso seria uma grande pena! Contaminaria e poluiria
totalmente o ambiente saudável que China e Brasil conquistaram até aqui.
Portanto, é melhor ser mais sábio e racional. Você pode não
pensar na China, mas não pode deixar de pensar no Brasil. O demônio da Covid-19
chegou finalmente à maravilhosa terra brasileira. Neste momento crucial da
cooperação bilateral no combate à pandemia de Covid-19, seria mais prudente não
criar mais confusões. Ainda mais importante, seja um verdadeiro brasileiro
responsável, ao invés de ser usado como arma pelos outros!
Li Yang é cônsul-geral da República Popular da China no Rio
de Janeiro
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