Augusto Aras foi alçado à chefia do Ministério Público
desprezando o apoio dos colegas e optando por algo que se mostrou bem mais
eficaz, um vergonhoso beija-mão. Agora, o procurador-geral da República chega
ao seu teste de fogo.
Desenvolve-se em Brasília um teatro. Jair Bolsonaro tenta
emplacar a versão de que na reunião ministerial de 22 de abril não manifestou
intenção de interferir na Polícia Federal para proteger a ninhada. Contra suas
próprias palavras, ações, regras palacianas e a lógica em geral, fala que
queria interferir era na sua segurança pessoal. Uma história que faz a Operação
Uruguai de Collor, de quase 30 anos atrás, parecer ter sido bolada em Harvard.
O teatro dos parlapatões é completado por generais —oriundos
de uma corporação que tanto preza a verdade e a honra— se prestando ao patético
papel de sustentar o que sabem ser uma mentira. E em prol de uma família cuja
palavra não vale absolutamente nada.
Caberá a Augusto Aras decidir entre a denúncia e o
arquivamento.
Suas manifestações nos autos, até agora, são uma lástima.
Superando até os advogados do presidente, ele é a favor de que a maior parte da
reunião do dia 22 fique nas sombras. Defende, inclusive, interesses de
ministros que, ao que parece, pediram a volta de Torquemada para dar cabo de
STF, governadores e prefeitos. Para Aras, há ameaça de violação da “justa
expectativa” dessas doces almas de que proferiam barbaridades só para um petit
comité. Como se ali não estivessem reunidos ministros e um presidente, mas
apenas inocentes arruaceiros tratando da taberna que iriam quebrar no dia
seguinte.
Aras também manifestou preocupação de uso da reunião “como palanque eleitoral precoce das eleições de 2022”. O que cargas d’água ele tem a ver com isso, eis aí um mistério. Petistas afirmam que Luiz Fux só foi indicado ao STF porque prometeu matar no peito o mensalão, o que ele nega e o que, na prática, não ocorreu. A bola foi lançada ao procurador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário