Se um ator de “Malhação” se oferecesse para assumir seu
lugar, Jair Bolsonaro seria capaz de aceitar a proposta. O presidente jamais
mostrou aptidão para o cargo. Cada vez mais, ele também deixa claro que não tem
interesse em governar.
Depois de obrigar o Ministério da Saúde a recomendar um
medicamento sem eficácia comprovada contra o coronavírus, Bolsonaro tentou
novamente fugir de suas responsabilidades. “O que é a democracia? Você não
quer? Você não faz. Você não é obrigado a tomar cloroquina”, disse, na última
terça (19).
O presidente não estimulou o desenvolvimento de nenhum
protocolo sério para o tratamento da doença nem se esforçou em organizar o
sistema de saúde para enfrentar momento críticos. Investiu na instabilidade e
preferiu fazer piada na data em que o país registrou mais de mil mortos em 24
horas.
Bolsonaro poderia trocar o slogan do governo para “salve-se
quem puder”. Além de transferir para cidadãos leigos a escolha do tratamento de
uma doença ainda desconhecida, ele já declarou que “o brasileiro tem que
entender que quem vai salvar a vida dele é ele, pô!”.
O presidente também usa um conceito falso de democracia para
justificar as barbeiragens de um governo omisso. Nesta quarta (20), uma
secretária do Ministério da Saúde disse que a orientação sobre a cloroquina foi
fruto de “um clamor da sociedade”, como se não houvesse técnicos para chancelar
essa decisão.
A mesma lógica levou o ministro da Educação a prometer uma
enquete entre os estudantes inscritos no Enem para definir se a prova seria
adiada por causa da pandemia. A ideia era seguir a opinião da maioria, mesmo
que uma parcela significativa de alunos fosse prejudicada.
O governo optou pelo adiamento da prova, mas não para proteger jovens de baixa renda que não teriam condições de estudar pela internet. Bolsonaro só recuou ao perceber que sofreria uma derrota humilhante nas votações do Congresso sobre o tema. A democracia funcionou.”
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