domingo, 17 de maio de 2020

DIÁRIO DA CRISE LVII

Do Blog do Gabeira

O sol está firme, a crise política se agrava e o coronavírus avança no Brasil. O sol dispensa comentários. A crise política ganhou novo contorno com as denúncias do empresário Paulo Marinho, suplente do senador Flávio Bolsonaro.

Ele disse que um delegado da PF avisou com antecedência que Flávio seria envolvido na operação Furna da Onça, destinada a apurar as rachadinhas na Assembléia do Rio. O delegado teria revelado as grandes somas descobertas na conta do assessor de Flávio, Fabricio Queiroz.

Essa história é conhecida. O dado novo foi o aviso do delegado. E a informação de que a investigação foi retardada para não prejudicar a performance de Bolsonaro no segundo turno.

Uma coincidencia interessante: o delegado Alexandre Ramagem era o encarregado das investigações. Hoje é diretor da ABIN e foi indicado por Bolsonaro para Diretor da PF, manobra interrompida pela decisão do Ministro Alexandre de Moraes.

Cloroquina, cloroquina, eu sei que tu me salvas, em nome de Jesus.

As pessoas cantavam esse verso hoje diante de Bolsonaro, na porta do palácio.

Sinto que vivemos uma situação especial. Segunda feira tem reunião internacional da OMS para debater a pandemia. Há preocupação com o Brasil. A imprensa europeia pergunta se somos dirigidos por um irresponsável ou um maluco.

Quem vai falar pelo Brasil deve ser o general Eduardo Pozuelo, interino no Ministério da Saúde.

Ele não é médico. Tem capacidade em logística pois organizou a excelente Operacão Acolhida em Roraima. O recebimento de cem mil venezuelanos foi feito de uma maneira tranquila e respeitosa, algo difícil e caro para qualquer pais.

Toda vez que elogio uma ação do Exército levo pancadas. Uma pena que as pessoas não conseguiram superar suas emoções e raciocinar politicamente.

Minha intenção é de lembrar às Forças Armadas que elas têm um capital de eficiência acumulado no Haiti, Nordeste, Amazônia e não podem jogá-lo fora.

Minha posicão é semelhante à dos ex-ministros da defesa que lançaram um manifesto pedindo que as Forças Armadas respeitem o artigo 142 da Constituição e não embarquem numa aventura bolsonarista.

Há quem pense que elas já embarcaram nessa aventura e a tarefa é denunciar sua cumplicidade. Sou dos acham que ainda é possivel evitar essa tragédia.

Um dos pontos que as Forças Armadas precisam refletir é exatamente a presença de um general no Ministério da Saúde. Bolsonaro com sua política errática e negacionista coloca o Brasil como uma espécie de ameaça internacional.

Já estamos em torno da cifra de 15 mil mortos. O Exército vai pegar o maior rabo de foguete de sua história se respaldar com a presença de um general a política de Bolsonaro.

Jogará fora o prestígio conquistado nos últimos anos porque os mortos serão jogados no seu colo.

Espero que raciocinem: meu esforço  é estimular esse raciocínio.

Chavez cooptou as Forças Armadas da Venuzela colocando militares em postos chaves e muito lucrativos. Hoje elas estão desmoralizadas pois são a cara do governo autoritário.

Acredito que as Forças Armadas brasileira têm condicões de resistir a esse enterro de seu prestígio.

Uma das minhas teses é de que se trata também de um problema de segurança nacional. Se as Forças Armadas se desmoralizam, a defesa do país fica mais vulnerável.

Creio que a tática correta é esta do manifesto dos ex-ministros da defesa: criar um grande movimento para advertir às Forcas Armadas do erro de seguir Bolsonaro.

Se falharmos além de tudo o que representa para nosso país, vou ter que aturar os mesmos caras de esquerda que, hoje, dizem barbaridades sobre mim, me enchendo o saco na cadeia.

Bookmark and Share

Nenhum comentário:

Postar um comentário