No vídeo da infame reunião ministerial de 22 de abril,
divulgado na última sexta (22), o presidente Jair Bolsonaro defendeu mais de
uma vez a necessidade de “armar a população” como antídoto à ascensão de
ditadores.
O pensamento está em linha com o que pregava Benito
Mussolini nos anos 1930 e 40. O populismo tosco e perigoso de Bolsonaro flerta
com o fascismo italiano também no ódio à imprensa independente.
Na mesma reunião, o presidente refere-se a esta Folha e
a outros órgãos da mídia com expressões de baixo calão. Palavras têm
consequências, como já teve de lembrar este jornal recentemente.
Nos dias seguintes à divulgação do vídeo, elevou-se a
intensidade dos impropérios dirigidos pelos fanáticos de plantão aos repórteres
que, por dever profissional, são destacados para cobrir o presidente no Palácio
Alvorada.
Na segunda (25), decerto inspirado pela etiqueta do chefe,
vomitaram palavrões contra os jornalistas que tentavam realizar seu trabalho. A
falta de segurança levou a Folha e veículos como UOL, Globo e
outros a suspender
temporariamente a cobertura ali.
Após a decisão, o Gabinete de Segurança Institucional,
comandado pelo general Augusto Heleno, divulgou nota em que se compromete a
continuar aperfeiçoando a segurança do local. Faltou combinar com o presidente:
horas depois, Bolsonaro fez graça da situação.
E, de novo, faltou com a verdade. “Estão
se vitimizando. Quando levei a facada, eles não falaram nada”, disse. No
entanto neste espaço, o jornal publicou vários textos condenando o ato
desvairado contra o então candidato ao Planalto.
A escalada fascista alimentada por gabinetes de ódio que
seguem os humores do supremo mandatário se nota em outras ações. Nesta terça
(26), o jornalista William Bonner, da TV Globo, relatou que ele e família
sofrem campanha de intimidação por desconhecidos.
Dias antes, em ato contra instituições democráticas,
manifestante acertara uma repórter com a haste de uma bandeira. Em vez de
condenar tais fatos, o presidente segue em seus delírios persecutórios.
Disse que “a imprensa internacional é de esquerda”, ao comentar críticas que sofre de órgãos estrangeiros. Falava de títulos como Financial Times e The Economist, bíblias do liberalismo econômico. Não se trata de esquerda ou direita, mas de bom senso e competência, artigos em falta no atual governo.
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