Dadas as dimensões e a relevância da pasta que comanda,
Abraham Weintraub talvez seja, entre os muitos ministros ineptos do governo
Jair Bolsonaro, o mais potencialmente danoso ao país.
O titular da Educação reúne todos os atributos vis do
bolsonarismo instalado no Executivo federal: ignorância arrogante, revanchismo
ideológico, rejeição ao diálogo, agressividade doentia e sabujice acima de
qualquer noção de respeito à função pública.
A própria imbecilidade pode impedir Weintraub de provocar um
mal maior. Não é de hoje que manifestações lunáticas o desmoralizam e ameaçam
sua permanência no posto —e a registrada no vídeo da fatídica
reunião ministerial de 22 de abril desponta como a mais grave delas
até o momento.
Na peça se vê o chefe do MEC, após mesuras tristonhas ao
presidente e lamúrias raivosas contra Brasília, dar vazão a um dos mais
escandalosos rompantes autoritários do encontro. “Eu, por mim, botava esses
vagabundos todos na cadeia. Começando no STF.”
Até para os padrões destrambelhados do governo Bolsonaro,
não é difícil imaginar o mal-estar provocado por um ataque de tamanha torpeza
ao Supremo Tribunal Federal —onde se conduz inquérito que, no limite, pode
resultar no afastamento do mandatário.
Não por acaso, intensificou-se o rumor sobre a insatisfação
do Planalto com o auxiliar, que estaria ainda a dificultar acertos com os novos
aliados do centrão. No domingo (24), Weintraub tentou pateticamente sanar
o insanável.
“Não ataquei leis, instituições ou a honra de seus
ocupantes”, escreveu. “Alguns, não todos, são responsáveis pelo nosso
sofrimento, nós cidadãos”, completou, acrescentando covardia à boçalidade.
Cumprirá ao STF reagir com altivez à diatribe temerária. O
ministro já foi alvo de um pedido de impeachment, por conduta indecorosa e
irresponsável, arquivado em março por uma razão formal —a iniciativa, de
parlamentares, caberia ao procurador-geral.
Em abril, o Supremo abriu inquérito para apurar crime de
racismo por parte de Weintraub, em razão de ataques preconceituosos à China que
também renderam crise diplomática com o maior parceiro comercial do Brasil. Em
22 de abril, o falastrão se queixou também de processos que o envolvem na
Comissão de Ética da Presidência.
A opulência desse prontuário contrasta com o vazio do MEC, onde as raríssimas medidas acertadas, como o adiamento do Enem, resultam das pressões da sociedade que tanto irritam o ministro.
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