Nos últimos dias, o país perdeu os talentos de Rubem
Fonseca, Luiz Alfredo Garcia-Roza, Moraes Moreira, Flávio Migliaccio e Aldir
Blanc. A cada morte, ouviu-se um silêncio ensurdecedor de Regina Duarte. Com
medo de irritar o chefe, a secretária da Cultura não emitiu uma única nota de
pesar. “Eu imaginei assim: será que eu vou ter que virar um obituário?”, ela
disse ontem, numa desastrosa entrevista à CNN Brasil.
Depois de um longo sumiço, Regina protagonizou um espetáculo
de insensibilidade e constrangimento. A atriz fingiu não saber que está sendo
fritada pelo presidente Jair Bolsonaro. “Tava um clima super bom. Ele tava
superanimado”, desconversou, sobre a reunião em que ouviu cobranças e quase foi
demitida.
Numa aparente tentativa de amaciar o capitão, a secretária
cantarolou a marchinha “Pra frente, Brasil”, associada à Copa de 70 e ao
ufanismo do governo Medici. “Não era bom quando a gente cantava isso?”,
suspirou. O repórter Daniel Adjuto precisou lembrá-la que a ditadura matou
centenas de brasileiros.
“Na humanidade, não para de morrer. Quando você fala vida,
do outro lado tem morte”, relativizou a atriz, antes de dizer que “sempre houve
tortura”. “Não quero arrastar um cemitério de mortes nas minhas costas. Sou
leve, sabe? Tô viva!”, festejou, como se falasse do mundo encantado das
novelas.
Regina deixou claro que está disposta a engolir novas
humilhações para continuar no governo. Apesar de reconhecer o risco de ser
demitida “a qualquer momento”, ela disse que não pretende entregar o cargo. “Eu
tô adorando estar aqui”, justificou. Segundo a secretária, as críticas à sua
inação se limitariam a uma “minoria gritalhona”. “O setor gosta de mim. O setor
me ama!”, delirou.
Para trazer a entrevistada de volta à realidade, a CNN exibiu um vídeo com queixas da atriz Maitê Proença. Ao ouvir que os artistas estão “sobrevivendo de vaquinhas”, a secretária se descontrolou e arrancou os fones de ouvido. “Vocês estão desenterrando mortos!”, vociferou, num desrespeito à colega de profissão e aos telespectadores. Depois de abandonar uma carreira de sucesso na TV, Regina desempenha no governo o seu pior papel.
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