Autorizado por
Bolsonaro, Augusto Aras tenta emparedar a Lava Jato
Às escâncaras, não, porque seria arriscado e pegaria mal.
Mas em conversas cifradas ao telefone, ou na privacidade dos gabinetes no
Congresso ainda frequentados por alguns em plena pandemia, políticos de várias
tendências comemoram com discrição a ofensiva da Procuradoria-Geral da
República contra a Lava Jato.
Quem diria, hein? Quem diria que o candidato a presidente da
República que mais se beneficiou do combate à corrupção, logo ele seria o
responsável indireto pela saia mais justa aplicada à Lava Jato desde o seu
nascimento em 2014, a poucos meses das eleições gerais daquele ano, as últimas
a serem vencidas pelo PT?
Augusto Aras, na prática, tem se comportado menos como
Procurador-Geral da República, e mais, muito mais como procurador de Bolsonaro.
É a ele que deve o cargo que seus colegas jamais lhe dariam. Aras não
procuraria motivos para pôr em xeque a Lava Jato sem a prévia autorização do
presidente.
Procuraria se Sérgio Moro ainda fosse o ministro da Justiça
indemissível como pareceu um dia? Da Operação Mãos Limpas, na Itália, emergiu o
governo de extrema-direita de Berlusconi, um empresário riquíssimo e corrupto.
Da Lava Jato, o governo de extrema-direita de Bolsonaro, parceiro de
milicianos.
Berlusconi tentou cooptar para servi-lo como ministros os
dois juízes que encabeçaram a Operação Mãos Limpas, mas eles se recusaram. Sem
constrangimento, Moro deixou-se cooptar, inebriado pelo sucesso. Acreditou na
promessa de Bolsonaro de que seria promovido a ministro do Supremo Tribunal
Federal.
Acabou usado por Bolsonaro, como disse outro dia, e deixou-se
usar, como nunca dirá, para fortalecer a impressão de que este seria um governo
com gosto de sangue na boca e decidido a pôr um freio na corrupção. Aí os
filhos Zero caíram nas malhas da Justiça. Aí Bolsonaro quis intervir na Polícia
Federal. Ai Queiroz…
Quando Queiroz foi preso em uma das casas do advogado da
família Bolsonaro, Moro havia tascado fora. Hoje, aposentado, resta-lhe sonhar
em ser candidato a presidente em 2022. Ou a governador do seu Estado. Ou a
Senador, deputado federal, sabe-se lá. Fez pior negócio de sua vida e corre
atrás do prejuízo.
A operação de desmanche da Lava-Jato deixa satisfeitos os
políticos ficha suja, os que já pecaram e os que se animam a pecar. Reforça,
por tabela, a ainda capenga base de apoio ao governo no Congresso que se sente
protegida. Mas, em contrapartida, deixa mal os militares dentro ou fora do
governo.
Recorde-se que eles gozam da fama de serem ferozes inimigos
da corrupção. Exaltaram a Lava Jato por todos os meios ao seu alcance e
homenagearam Moro com todas as medalhas em estoque no almoxarifado das Forças
Armadas. E, no entanto, assistem impassíveis à tentativa de destruição de sua
obra.
A vida tem lá dessas coisas. Selva!
Representante do Ministério da Saúde em Pernambuco é do
balacobaco
Amigos para sempre
Ela chama o hotel Copacabana Palace de sua casa no Rio de Janeiro, e ali já
posou para fotos muito à vontade. Refere-se à Itália como o país dos seus
sonhos que visita com frequência.
Ama de paixão maquiar-se, ir a festas da alta sociedade do
Recife e vestir-se com roupas de grifes, de preferência as mais caras. Seus
críticos dizem que em certas ocasiões ela ostenta em demasia.
Uma amiga da praia de Boa Viagem, que a admira e inveja,
cita em sua defesa um colunista social que já morreu: “Os cães ladram e a caravana
passa”. E pergunta: “Como era mesmo o nome dele?”
Ibrahim Sued, o pai do moderno colunismo social brasileiro,
que em sua coluna, publicada durante 41 anos no GLOBO, criou e absorveu termos
que entraram para o vocabulário popular.
Paula Amorim, de idade incerta, não é uma pantera, nem mesmo
uma locomotiva, mas costuma estar onde possa ser vista e reconhecida como uma
mulher atraente e simpática.
Não é uma mulher evento. Recife já teve os “Irmãos Eventos”,
eram dois, que não perdiam uma festa, um coquetel, uma exposição, enfim uma
boca livre, fossem convidados ou não.
Curadora da própria imagem, Paula vai de leve. O que não a
impede de, em certas ocasiões, roubar a cena. Tornou-se inesquecível sua
aparição no velório do governador Eduardo Campos.
Em sociedade, tudo se sabe. Tanto mais em cidade de muro
baixo. O velório foi no Palácio do Campo das Princesas. Então candidato a
presidente da República, Campos morreu na queda de um avião.
De repente, entrou no palácio aquela mulher elegantemente
trajada toda de preto. Pelo menos duas coisas a destacavam, além da expressão
compungida: a altura dos saltos e o chapéu.
Não era qualquer chapéu – embora nenhuma das mulheres que
por ali circulou tivesse sido vista usando um. Era “o chapéu”, enorme, desses
que aparecem em filmes sobre enterros de gente rica.
Seria exagero dizer que, por um momento apenas, ela tenha
eclipsado o morto. Mas eclipsou as demais mulheres presentes, sim. O alvoroço
entre os políticos foi notado.
Cunhada do ex-deputado federal João Fernando Coutinho,
presidente estadual do PROS, irmã de um militar que já foi segurança da
primeira-dama Marcela Temer, Paula é solteira.
Aos que privam da sua intimidade, ela conta que sua renda
decorre basicamente da compra de joias penhoradas pela Caixa Econômica que ela
revende a uma clientela especial.
Há meses que se ouvia em Brasília que uma pernambucana era
muito influente no Ministério da Saúde. Bingo! Paula foi nomeada representante
do ministério em Pernambuco.
Sem experiência em Saúde ou gestão pública, ela é amiga há
mais de 30 anos do general Eduardo Pazuello, o ministro interino. Substituirá
uma enfermeira. Ganhará 10 mil reais por mês.
Segundo a assessoria de Pazuello, ele e Paula foram
apresentados “por conhecidos em comum”, e a nomeação se baseou na “relação de
confiança e amizade” entre ambos.
Está bem. É suficiente. Gigi chegou lá. Ademã. Vamos em frente.
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