Jair Bolsonaro disse que o brasileiro se joga no esgoto e
não acontece nada. Bolsonaro deve saber —porque, no caso dele, é verdade. Basta
ver seus amigos: políticos rastaqueras, policiais desonestos, milicianos
condenados, assessores corruptos e industriais da violência. Até seus
ex-vizinhos na Barra têm contas com a lei. Um presidente da República com
acusados de assassínio na casa ao lado? Para Bolsonaro, é normal. Imagino seus
churrascos com eles no condomínio, discutindo duplas sertanejas, o último
programa do Ratinho ou um novo modelo de fuzil.
Daí não surpreende que seu governo inclua as piores pessoas
do país. Ele não conhece outras. Dizia-se que dois ou três de seus ministros
eram pessoas bem intencionadas. Mas pessoas bem intencionadas não se sentam a
uma mesa com Ricardo Salles, Damares Alves, Ernesto Araújo, André Mendonça e
Marcelo Álvaro Antônio —como a reunião ministerial de 22 de abril, ainda
abrilhantada por Abraham Weintraub, tão bem demonstrou.
Quando Bolsonaro tentou obrigar seu então ministro da Saúde,
Henrique Mandetta, a t omar medidas que contrariavam o juramento médico,
falou-se que, se se submetesse, Mandetta estaria rasgando seu diploma. Não se
submeteu, foi despedido e saiu com o diploma intacto. Seu sucessor, Nelson
Teich, também médico e submetido à mesma indignidade, saiu antes de manchar o
diploma. O general Eduardo Pazuello, que o substituiu, não tem diploma médico
para proteger. Apenas uma farda, que mandará para a lavanderia.
A intimidade com Bolsonaro não compromete só diplomas e
fardas. Torna as togas também sujeitas a respingos. Não que alguns de seus
ocupantes, como o procurador-geral Augusto Aras, e o presidente do STJ, João
Otavio de Noronha, estejam preocupados. A vaga no STF lhes exigirá, de qualquer
maneira, uma toga nova.
Pensando bem, todo dia se confirma a frase de Bolsonaro.
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