A Secretaria de Operações Integradas do Ministério da
Justiça admitiu que monitora 579 funcionários públicos federais que se
declararam antifascistas nas redes sociais. A intenção da medida, segundo a
Secretaria, é “prevenir práticas ilegais” e garantir a segurança. Não
especificou que “práticas ilegais” os antifascistas costumam cometer. E por que
elas ameaçam a segurança.
Por sinal, segurança de quem? Das autoridades constituídas
em geral? Do presidente da República em particular? Do Estado como um todo?
Quem sabe do planeta, uma vez que as redes sociais aproximam as pessoas e é
possível que existam antifascistas em toda parte? Por que ser antifascista é
algo perigoso? Aos olhos de quem? Está escrito em que lei, norma ou portaria?
Providência similar não foi tomada pela mesma Secretaria
contra funcionários públicos que se declararam fascistas nas redes sociais. É
de supor-se, portanto, que esses não representam uma ameaça, quando nada ao
governo do presidente Jair Bolsonaro. Ou vai ver que o serviço público está
livre de fascistas. Ou que fascistas sejam mais prudentes e prefiram não se
assumir como tal.
Resta outra hipótese: por razões ainda não suficientemente
estudadas, os fascistas do serviço público e o governo Bolsonaro descobriram
surpresos que compartilham os mesmos propósitos. Assim não haveria por que o
Ministério da Justiça despender tempo e dinheiro vigiando-os. Para quê? Falam a
mesma língua. Entendem-se bem. Os antifascistas é que devem se cuidar.
Nada de usarem as redes sociais para dizerem que são contra
o fascismo, uma “ideologia política ultranacionalista e autoritária
caracterizada por poder ditatorial, repressão da oposição por via da força e
forte arregimentação da sociedade e da economia”. Nada de assinarem manifestos
condenando outras ideologias que guardem alguma semelhança com o fascismo.
Os celulares já não inspiram confiança e a escuta se faz,
hoje, a longas distâncias. Seu melhor amigo pode delatá-lo amanhã. Evitem
estranhos. Evitem jogar conversa fora. Conversas cifradas podem facilmente ser
decifradas. Vejam se não estão sendo seguidos. Aproveitem esses tempos de
pandemia e usem máscara até que tudo isso passe. Com fé em Deus e no voto, vai
passar.
Vozes
Pandemia em discussão
- “Há
consenso entre os especialistas de que poderíamos ter tido outro manejo da
crise, de que pudéssemos ter reduzido significativamente os danos causados
pela pandemia”. (Gilmar Mendes, ministro do STF, sobre a proximidade da
marca dos 100 mil mortos pelo Covid-19 no Brasil)
- “O
Sistema Único de Saúde, SUS, foi silenciado com uma ocupação militar [no
ministério]. Deixamos de ter uma gestão em saúde para ter uma ocupação por
quem quer promoção na carreira militar”. (Luiz Henrique Mandetta,
ex-ministro da Saúde)
- “Se
fala muito sobre a vacina da covid-19. Entramos no consórcio de Oxford, e
tudo indica que ela vai dar certo e 100 milhões de unidades chegarão para
nós. Não é daquele outro país, não. Tá ok, pessoal?” (Jair Bolsonaro, em
critica indireta à vacina chinesa contra o vírus)
- “A
discussão não é se é CPMF ou micro-imposto digital. Daqui a pouco vão
inventar um nome em inglês para ficar mais bonito, para que a sociedade
aceite mais impostos”. (Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados)
- “É incompreensível discutir essas coisas quando temnos próxima uma crise apocalíptica, envolvendo emprego, problemas fiscais, quebradeira de empresas. O mundo está lidando com o assunto e, nós, nos divertindo com projetos de reforma tributária”. (Everaldo Maciel, ex-Secretário da Receita Federal)
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