Como tem feito desde que assumiu o cargo, o prefeito Marcelo
Crivella aproveitou a pandemia para
dar prosseguimento ao projeto de descuidar da população e de servir a outros
interesses. Ele faz tudo o que seu mestre mandar. Só mudou quem diretamente
está dando as ordens no momento. O líder neopentecostal Edir Macedo, tio de
Crivella, recolheu-se à sombra, para que Bolsonaro assuma o primeiro plano.
Para que a vassalagem ficasse completa, ficou faltando
apenas que Crivella apresentasse um atestado de que contraiu a Covid-19 e
corresse para se automedicar com cloroquina. Mas ele, obediente subalterno do
esquema, age disfarçado. Usa máscara e se esforça para passar a impressão de
combate à doença.
No entanto, sua prática é negacionista: abriu
quase tudo na cidade, mesmo diante das evidências de que o coronavírus não
desapareceu —muito pelo contrário. Sem ter como fiscalizar o cumprimento de
protocolos sanitários (que apelidou de “regras de ouro”, como se fosse uma
gincana), o prefeito decretou a avacalhação que está em curso.
Com a popularidade em baixa e tentando um segundo mandato,
transformou a entrega de tomógrafos e respiradores em atos de campanha. Ainda
criou um cartão de auxílio-merenda para alunos da rede pública, no valor de R$
50. “Estamos universalizando a alimentação de nossas crianças”, discursou o
bispo licenciado da Igreja Universal.
O jeito é esperar as eleições de novembro para saber como
andará a força do bolsonarismo no Rio.
Os pescadores do Posto 6, em Copacabana, têm notado uma
movimentação estranha em torno da estátua de Dorival Caymmi. Temem a sua
demolição durante a madrugada. O ato seria uma reparação estética —não
histórica—, livrando o compositor baiano do vexame de ter sido retratado como
uma tartaruga ninja.
Alvaro Costa e Silva
Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".
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