Diário da Crise CXI
O Facebook derrubou 73 contas, 14 páginas de um grupo ligado
ao presidente Bolsonaro, acusado e difundir fake news e conteúdo de ódio contra
adversários políticos.
O Facebook está pressionado por grandes empresas a mudar sua
política e controlar seu conteúdo. Ao jogar as contas de Bolsonaro ao mar, a
rede está cumprindo algumas de suas promessas sem no entanto avaliar
criticamente a própria história.
A neutralidade da rede sempre abrigou conteúdo de ódio, fake
news e teorias conspiratórias, os grandes instrumentos da política moderna que
alterou a face de alguns países do mundo, entre eles Brasil, EUA e Itália.
A rede precisa manter as pessoas presas e nem sempre a
simples realidade é suficiente. Fake news, choque de pessoas dominada pela
cólera, teorias da conspiração – tudo isso ajuda a manter no ar, ao lado é
claro dos cliques para checar likes.
Acabo de ler um livro sobre o tema Os Engenheiros do Caos,
de Guiliano da Empoli. Recomendo para quem queira entender o processo que levou
ao poder alguns líderes como Trump, Bolsonaro e o movimento 5 Estrelas na
Itália.
São produtos políticos da era digital, uma espécie ruptura
com o modo de trabalho dos políticos tradicionais.
Pretendo escrever alguns novos textos sobre o tema. Assisti
ao período de transição das últimas campanhas analógicas até esse momento.
Bolsonaro é um produto da era digital mas não tão
sofisticado ainda como o movimento 5 Estrelas Italiano ou mesmo o grupo que
encaminhou o Brexit na Inglaterra.
O primeiro, o grupo italiano, é dirigido por uma empresa de
assessoria ambiental que exerce um rigoroso controle sobre o movimento, analisa
os temas a serem discutidos e inclusive detém a senha das figuras inexpressivas
que consegue eleger.
Já os arquitetos do Brexit utilizaram algoritmo manipularam
uma montanha de informações para produzir milhões de comunicações personalizadas.
Cada pessoa recebia uma mensagem especifica sobre a saída da
Inglaterra da Comunidade Europeia. Podiam ser mensagens opostas entre si, mas
como saber? Aos caçadores falavam da liberdade da caça, aos defensores dos
animais a necessidade de protegê-los.
Essa abordagem científica e tecnológica deixou a política
tradicional desorientada e incapaz.
Voltarei ao assunto não mais para analisar a ascensão de
Bolsonaro mas para falar de sua crise, uma vez que o tipo de campanha que
realizou é muito eficaz mas uma vez no poder tende a frustrar as esperanças de
quem votou nele.
Fabrício Queiroz saiu da cadeia e vai para prisão
domiciliar. Decisão do Presidente do STJ, João Otávio de Noronha. O pedido foi
endereçado a ele que é responsável pelo plantão, uma vez que o Tribunal está em
recesso.
Noronha se aproximou muito de Bolsonaro e essa cartada era
esperada por muitos no STF. A mulher de Fabrico Queiroz também pode ser presa
domiciliar, se quiser sair do esconderijo.
Ela mesma dizia que a prisão do casal era impossível. Tinha
razão.
Participei de uma live com o Embaixador Marcos Azambuja e a
historiadora Mary del Priore. Excelentes figuras, uma conversa muito
interessante e creio que está disponível no site do Cebri.
Tempo fechado no Rio. Inverno. Dia de muito trabalho ainda tenho televisão e um novo artigo de jornal pela noite adentro.
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