Jair Bolsonaro tem um problema com as mulheres. Elas o
rejeitam, e reafirmam a aversão combinada à desconfiança nas pesquisas do
Datafolha nos últimos 24 meses.
Em agosto de dois anos atrás, quatro de cada dez eleitoras
se mostravam enfáticas na recusa ao candidato: 43% declaravam que nele não
votariam “de jeito nenhum”.
Bolsonaro começava a despontar como favorito na disputa
presidencial apoiado no voto masculino, na proporção de três homens para cada
mulher. A repulsa feminina aumentou, para 50%, entre o primeiro e o segundo
turno.
O repúdio atravessou o ciclo inaugural no Planalto. Em
dezembro do ano passado, 41% das eleitoras qualificavam seu governo entre “ruim”
e “péssimo”. Afirmavam (46%) “nunca confiar” no que dizia o presidente. A
maioria (56%) o criticava por não se comportar no cargo como deveria.
A resistência feminina prossegue, estável na margem de erro
de dois pontos percentuais. Semana passada 39% das mulheres classificavam o
governo entre “ruim” e “péssimo”, e 44% declaravam jamais confiar naquilo que
ele diz.
Com um discurso arcaico e governando de maneira rudimentar,
entre vítimas e escombros econômicos da “gripezinha”, Bolsonaro se sustenta sob
o repúdio permanente de cerca de 39 milhões de mulheres num país onde o voto
feminino é maioria (52,5%). Merece um lugar na antologia dos anacronismos
políticos.
Está sendo processado, de novo, por hostilidade às mulheres.
Semana passada foi acusado em 71 páginas de coletânea de discursos, mensagens e
registros de atos oficiais que “estigmatizam as mulheres” e “reforçam
abusivamente a discriminação e o preconceito (de gênero)”.
Uma das decisões relatadas foi o veto presidencial, em
junho, à manutenção dos serviços do SUS durante a pandemia para assistência às
vítimas de violência sexual e nos casos de aborto estabelecidos na legislação.
Os técnicos autores da recomendação foram sumariamente demitidos da Saúde.
Bolsonaro agora corre o risco de se tornar um político com
atestado de misoginia passado em juízo.
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