Por Erick Rianelli, Fernanda Rouvenat, Marco Antônio Martins
e Mariana Queiroz
Crivella é alvo de buscas e tem celular apreendido em
investigação sobre suposto 'QG da Propina' na Prefeitura do Rio
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Polícia
Civil do RJ fizeram buscas na manhã desta quinta-feira (10) na Prefeitura do
Rio, na casa do prefeito, Marcelo
Crivella (Republicanos), e no Palácio da Cidade, onde ele
despacha. Agentes apreenderam um telefone celular do prefeito.
Por meio de sua assessoria de imprensa, Crivella disse que
operação foi "estranha" e "injustificada" e que, na semana
passada, esteve com o Ministério Público para colocar à disposição seus sigilos
bancário, telefônico e fiscal (veja
o que disse o prefeito).
A ação desta quinta é um desdobramento da Operação
Hades, de março deste ano, que investiga um
suposto 'QG da Propina' na Prefeitura do Rio.
Segundo as investigações, empresas que tinham
interesse em fechar contratos ou tinham dinheiro para receber do
município entregariam cheques a Rafael Alves, irmão de Marcelo
Alves — então presidente da Riotur.
Em troca, Rafael facilitaria a assinatura dos contratos
e o pagamento das dívidas.
Rafael Alves é alvo de mandados nesta quinta — além de Mauro
Macedo, ex-tesoureiro de Crivella; e Eduardo Benedito Lopes,
ex-senador, suplente de Crivella (veja a lista completa abaixo).
Eduardo Lopes foi senador do Rio pelo
Republicanos, ao herdar o cargo de Crivella, e foi secretário de Pecuária,
Pesca e Abastecimento de Wilson Witzel.
Mauro Macedo foi tesoureiro da campanha de
Crivella ao Senado, em 2008, e foi citado em delação sobre o esquema de propina
envolvendo a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do estado, a
Fetranspor.
Rafael Alves, irmão do ex-presidente da Riotur Marcelo
Alves, é empresário e foi citado em delações como suposto pagador de
propina para a prefeitura, embora não tivesse cargo na administração.
O que seria o 'QG da Propina'
Em 10 de março deste ano, a Polícia Civil e o MPRJ cumpriram
17 mandados de busca e apreensão. Agentes estiveram na Cidade
das Artes, na Barra da Tijuca, e em endereços de Marcelo Alves,
então presidente da Riotur, do irmão dele, Rafael Alves, e Lemuel
Gonçalves, ex-assessor de Crivella.
O inquérito que levou à operação foi aberto no início de
dezembro de 2019 pelo MPRJ, com base na delação do doleiro Sérgio
Mizrahy. Ele foi preso na Operação Câmbio Desligo, um desdobramento da Lava
Jato no Rio.
No depoimento, Mizrahy chama um escritório da prefeitura de
“QG da Propina”. O doleiro não soube dizer se o prefeito Marcelo Crivella sabia
da existência da estrutura.
Segundo a delação, o operador do esquema era Rafael Alves.
Rafael não possui cargo na prefeitura, mas tornou-se um dos homens de confiança
de Crivella por ajudá-lo a viabilizar a doação de recursos na campanha de 2016.
Depois da eleição, o empresário emplacou o irmão na Riotur
e, segundo o doleiro, montou um “QG da Propina”.
Mizrahy afirma que empresas que tinham interesse em fechar
contratos ou tinham dinheiro para receber do município procuravam Rafael, com
quem deixavam cheques. Em troca, ele intermediaria o fechamento de contratos ou
o pagamento de valores que o poder municipal devia a elas.
Marcelo Alves foi
exonerado da Riotur dias depois da operação, em 25 de março.
Todos os alvos desta quinta
- Aziz
Chidid, empresário
- Bruno
Miguel Soares de Oliveira e Sá
- Cesar
Augusto Barbiero, ex-secretário de Fazenda e atual presidente da Companhia
de Desenvolvimento Urbano do Porto (Cdurp)
- Christiano
Borges Stockler Campos, empresário
- Eduardo
Lopes, ex-senador
- Élcio
Venâncio, dono de uma agência de publicidade, a MKT Mix e Sportplus
Marketing Esportivo Ltda
- Geraldo
Guedes, funcionário da Secretaria de Fazenda
- Isaías
Zavarize, vice-presidente do Republicanos
- Leonardo
Nobre,
- Licínio
Soares Bastos, empresário condenado pela Operação Furacão
- Luiz
Carlos da Silva, radialista
- Marcello
Faulhaber, publicitário. Está na campanha de Eduardo Paes
- Marcelo
Crivella, prefeito
- Mauro
Macedo, ex-tesoureiro do Crivella
- Rafael
Alves, empresário, irmão de Marcelo Alves, ex-presidente da Riotur
- Rodrigo
Santos de Castro, funcionário nomeado pela Secretaria estadual de Cultura
- Rodrigo
Venâncio Fonseca, filho de Élcio
O G1 tenta contato com a defesa dos
citados.
Outros mandados foram cumpridos em endereços, como o Centro
Administrativo São Sebastião e o Palácio da Cidade.
O 1º Grupo de Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça do
Rio expediu os mandados a pedido do Grupo de Atuação Originária Criminal
(Gaocrim) — que investiga agentes públicos com foro privilegiado.
A Coordenadoria de Investigação de Agentes com Foro da
Polícia Civil apoiou a operação.
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