O presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu aplicar 100 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 nos primeiros 100 dias de mandato. A meta foi cumprida 41 dias antes do prazo, nesta sexta (19).
Parece um milagre de eficiência, mas milagres não existem em políticas públicas —menos ainda diante da pandemia, que criou para governantes do mundo inteiro a maior emergência sanitária desde a Gripe de 1918. Existem, sim, líderes à altura do desafio, ainda que não por toda parte.
Biden designou o médico David Kessler para organizar o esforço. A aceleração imprimida ao programa atingiu um ritmo de 2,5 milhões de injeções em 24 horas, à média de 1,3 milhão de imunizações por dia desde meados de dezembro (contra menos de 200 mil vacinas diárias no Brasil após o início da campanha em 18 de janeiro).
O presidente democrata se credencia, assim, entre os políticos preparados para agir com responsabilidade e planejar a mobilização necessária para proteger a saúde dos governados. Seu trabalho foi facilitado pelo desastre resultante da administração destrambelhada e negacionista do antecessor republicano, Donald Trump.
A condução errática da reação à pandemia no governo anterior deu aos EUA, a maior potência do planeta, o posto vergonhoso de campeão absoluto em mortes e casos de Covid-19. Acumularam-se em um ano 540 mil óbitos, em meio a quase 30 milhões de infectados.
De picos de mais de 3.500 mortes diárias no início deste ano, o número de vítimas hoje se encontra em torno de 1.500. Mesmo após o recuo vertiginoso observado desde 8 de janeiro, quando se registraram 300 mil novos casos num único dia, o país ainda registra média de 55 mil diagnosticados.
Trata-se de um patamar alto, indicativo de que o coronavírus ainda circula sem grande dificuldade. Embora um quarto da população americana já tenha recebido ao menos uma dose, há temor de que temperaturas mais altas na primavera do hemisfério Norte estimulem aglomerações e relaxamento de restrições à mobilidade.
Mesmo que a epidemia de Covid-19 não possa ser considerada sob controle por lá, o contraste com a realidade brasileira é acachapante. Sob a recusa de Jair Bolsonaro a liderar o país, a vacinação demorou, faltam doses para quem precisa e caminhamos firmes para superar os piores registros da Covid-19 nos Estados Unidos.
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