A fotografia dos ex-presidentes Fernando Henrique e Lula, ambos de máscara e dando um “aperto de mãos” como manda o protocolo da pandemia, é cheia de significados e mexe com todas as peças no tabuleiro de 2022. Esse encontro é como um ajuste de placas tectônicas que, até bem pouco tempo, estavam em choque e, ao que parece, encontraram algum ponto de acomodação.
FHC disse que ainda prefere uma terceira via, mas que votará em Lula se o segundo turno for entre este e Bolsonaro. Justamente por isso a aproximação faz sentido. As últimas pesquisas Datafolha têm indicado o esfarelamento da tal terceira via: Ciro, Moro, Doria, Huck, todos ficam comendo poeira, muito atrás de Lula, na dianteira, e Bolsonaro, em segundo lugar.
O movimento mostra a necessidade da tal frente ampla contra o fascismo, algo de que muita gente vinha falando, mas poucos pareciam dispostos a dar o primeiro passo. É o que Lula e FHC fazem agora, passando por cima de imensas mágoas e ressentimentos mútuos. O país está na lona, a caminho de uma terceira onda da pandemia, com morte, doença, fome, desemprego, desespero e exaustão. Milícias se fortalecem, tratoraços, boiadas e chacinas nos assombram.
O gesto dos ex-presidentes mostra que ainda é possível salvar alguma coisa dos escombros e derrotar a extrema direita violenta encarnada no bolsonarismo. Alguém haverá de lembrar do papel decisivo do PSDB no golpe de 2016. Sim, lá estavam os tucanos votando a favor do impeachment de Dilma Rousseff, ao lado daquele que votou em homenagem a um torturador. O que o PSDB colheu desde então ? O Bolsodoria de 2018 e um partido esfacelado, cortejando a irrelevância.
Ainda estamos longe do encontro com as urnas em 2022. Mas o que sairá delas depende do que for feito desde já. Os sinais de um pacto de não agressão entre os dois ex-presidentes serão determinantes para reconduzir o Brasil de volta ao pacto civilizatório.
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