O Datafolha apurou que apenas 10% dos brasileiros aprovam os trabalhos do Congresso Nacional. A avaliação é negativa (ruim/péssimo) para 41% e regular para 45%. É um julgamento severo, mas em linha com o de outras legislaturas.
Desde que esse tipo de pesquisa começou a ser feito, nos anos 1990, numa única ocasião, em 2003, as avaliações positivas superaram numericamente as negativas (24% a 22%), porém ainda assim dentro da margem de erro.
Eleitores tendem a ser duros com os parlamentares porque estes fazem parte de um órgão coletivo. Cada votante, afinal, elegeu no máximo 1 entre 513 deputados e 3 entre 81 senadores.
O atual Congresso, como os anteriores, coleciona uma combinação de acertos e erros —um copo meio cheio, meio vazio.
Do lado positivo, os parlamentares não se deixaram intimidar por Jair Bolsonaro, nos períodos em que o mandatário não poupou ataques aos demais Poderes e ao que chamava de velha política.
Os atuais congressistas evitaram, ademais, que propostas desvairadas, como o excludente de ilicitude para policiais e o Escola sem Partido, entre tantas outras, fossem convertidas em lei.
Outro ponto alto foi a aprovação da reforma da Previdência, ainda que o assunto já tenha chegado bem debatido pela legislatura anterior. Outras peças importantes avançaram, notadamente as novas regulações do saneamento básico e das ferrovias e a autonomia do Banco Central.
Cumpre destacar a CPI da Covid no Senado, que teve papel importante ao expor desmandos do Executivo, além de ajudar a combater o negacionismo na população.
Infelizmente, a lista de erros do atual Congresso não é muito menor. Não avançamos em reformas vitais, como a tributária e a administrativa. Os parlamentares, é verdade, não são os únicos culpados.
É preciso também criticar a Câmara dos Deputados, em particular seus presidentes, por nem ao menos iniciar as discussões sobre um eventual impeachment de Bolsonaro. De todo modo, eles só agiram desse modo porque a maioria da Casa não se insurgiu.
Por fim, e essa talvez seja a maior nódoa da atual legislatura, os partidos capitaneados pelo chamado centrão passaram nos últimos tempos a dar sustentação passiva e interesseira à gestão de Bolsonaro.
Fizeram-no por cargos e verbas, como ficou claro em votações recentes, como a da desastrada PEC do Calote, que resultou em dinheiro extra para as emendas parlamentares, e na derrubada do veto ao fundão eleitoral.
Atitudes como essas insuflam a má avaliação das duas Casas —e, pior, da atividade política.
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