Há uma frase infalível do ex-presidente dos EUA Abraham Lincoln: “dê poder a um homem e descobrirá o seu caráter”. Ao capitão Jair Bolsonaro foi outorgado poder. Hoje sabemos, além de seu caráter, também sobre o péssimo temperamento que o move. O Brasil tem mais de seiscentos e vinte mil óbitos causados pela pandemia de Covid-19. Faz-se público e notório que a desídia com a qual o presidente lidou com o fato, dentro do viés negacionista, contribuiu consideravelmente para tanto adoecimento com resultado morte. Também é conhecida a sua ausência de sensibilidade e a presença de uma personalidade desprovida de empatia, tal a omissão em relação aos que partiram enfermos e no tocante aos seus familiares. Pois bem, torna-se claro que nenhum cidadão que deu adeus a parentes ou amigos entregará sequer meio voto à reeleição de Bolsonaro.
Percebe-se isso nas pesquisas e, convenhamos, nem poderia ser diferente: o presidente desaba nas percentagens de aprovação de sua gestão, ninguém (tirante bolsonaristas fanáticos) é masoquista a ponto de desejar a sua continuidade no poder.
Agora, em um olhar mais abrangente para a alma humana vemos que a pandemia deu a alguns a resiliência, deu a outros a ansiedade, deu ainda a considerável número de pessoas o desespero. Mas a todos ensinou valorizar sol e luar, um bosque, uma flor, uma planta e um animal, um aceno de mão ainda que seja de despedida, um sopro de vida — tantas tristezas que julgávamos infindas foram minimizadas e alojadas em sua devida dimensão. Muita gente aprendeu que a sua casa é um templo, não prisão. Claro que não queremos mais vírus algum e nenhuma de suas variantes como professores assassinos.
Sumam! Desapareçam da Terra!
Mas muitos seres humanos hão de convir que a pandemia lhes mostrou o quanto cientistas, médicos e pesquisadores estavam bem preparados para um trágico evento: nunca se chegou a vacinas com tanta eficiência e rapidez. Só os negacionistas desdenham.
Finalmente, e de volta ao Brasil, a doença nos mostrou que, ao contrário de Bolsonaro, a população é dona de um profundo sentimento de solidariedade. O vírus nos colou nos olhos uma infinidade de pessoas em situação de rua, e fez com que nos organizássemos para lhes dar o que comer. Está difícil encontrar alguém nesse País, à exceção do time do governo federal, que não tenha empaticamente socorrido os desprovidos da sorte. Os que saem da pandemia com os mesmos egoísmos de antes, esses não aprenderam nada.
Ela está indo embora? Sim. O vírus da Covid, feito todos os vírus, adapta-se ao homem, e o homem a ele. A eleição de 2022 engendra 2023. A Bolsonaro não queremos adaptação. O sufrágio é a vacina contra ele.
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