Que não demore pois o país está cansado
O bolsonarismo mata! E no limite, é capaz de matar-se para
alcançar seus fins. Ainda não se sabe se Francisco Wanderley Luiz, autor das
explosões na noite do 13/11 em Brasília, apenas tentou matar o ministro
Alexandre de Moraes como planejara, e uma vez impedido, suicidou-se. Saberemos
no decorrer das investigações.
Mas isso não fará diferença. Importa que o que ele fez
comprovou que a semente do ódio plantada pelo bolsonarismo, e regada pelo
jardineiro-mor, segue viva graças, em parte, à lentidão da justiça. Ela agiu
com rapidez para punir os bagrinhos do golpe fracassado do 8/1; quanto aos
peixões, sequer foram denunciados até hoje.
Foi bonita a festa, e ilusória. Deu-se a democracia como
salva, exaltando-se a solidez das instituições. Os chefes dos três Poderes
desfilaram de mãos dadas para celebrar a vitória robusta do bem contra o mal.
Golpe nunca mais! Os culpados serão condenados e presos, e a paz restabelecida.
Então, bola pra frente.
Vê-se que por um breve período não mais se falou que a
democracia é uma planta frágil que precisa ser regada o tempo inteiro; e que o
golpismo não morreu, jamais morrerá em lugar algum como meio de se conquistar o
poder, muito menos em terras em que se plantando tudo dá e viceja com
exuberância.
Foram quatro anos de pregação quase diária a favor do uso
velado ou acintoso da força como solução para os problemas do país. Nem os
generais-presidentes do ciclo de 64 ousaram chegar a tanto; quando nada,
preservaram certos ritos da democracia suspensa para que a ditadura não fosse
chamada pelo seu próprio nome.
O ato protagonizado por Francisco Wanderlei Luiz de tentar
incendiar o prédio do Supremo Tribunal Federal se encaixa perfeitamente na
série de episódios violentos que precederam o 8/1. A saber:
* a depredação por bolsonaristas da sede da Polícia Federal
em Brasília na noite da diplomação de Lula como presidente;
* na mesma noite, a queima de ônibus no centro de Brasília;
* e na véspera do Natal de 2022, a bomba afixada num
caminhão de combustível para explodir uma ala do aeroporto de Brasília.
Ao meu sentir, o que disseram, ontem, os ministro Luís
Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes e
Alexandre de Moraes foi a penúltima pá de cal jogada na cova onde será
enterrada a pretensão de Bolsonaro de ser anistiado para poder se candidatar
novamente em 2026.
A última pá de cal será jogada pela maioria dos ministros do
tribunal quando julgar e condenar em definitivo Bolsonaro à pena máxima pelo
crime de atentar contra o Estado Democrático de Direito. Não há crime mais
grave. Que não se demore a virar a página. O país está cansado.
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