Sobram incertezas quanto ao compromisso dos partidos para
2026 em troca de cargos em 2025
O anúncio oficial da reforma ministerial está previsto para abril próximo,
mas na prática ela já começou. O mestre da obra, também arquiteto e decorador
—o presidente Luiz Inácio da Silva (PT)—, deflagrou o
processo ao comunicar à equipe a necessidade de mudanças.
Sem usar a palavra demissão, Lula demitiu Paulo Pimenta (PT)
do comando da comunicação ao fazer severas críticas ao desempenho do setor.
Sem a presença na foto oficial, o marqueteiro Sidônio
Palmeira foi convidado à mesa da confraternização de fim de ano no Palácio da
Alvorada por onde circulou visto como substituto de Pimenta, ainda na incerteza
de que tenha sido convidado e se aceitaria a missão.
Sem desmentir os rumores sobre sua saída da
pasta da Defesa, José Múcio Monteiro sinalizou missão cumprida e cansaço dos
embates internos com a esquerda. Os pés atrás são recíprocos. Seguirão sendo,
embora a substituição, eventualmente pelo vice-presidente, Geraldo
Alckmin (PSB), possa dar um respiro temporário aos humores.
Sem especificar nomes ou cargos, o presidente da
Câmara, Arthur
Lira (PP),
recorreu ao velho truque de mandar recados por intermédio de conversas
atribuídas a "aliados" para marcar sua posição ainda de poder nos
últimos dias de mandato.
O deputado apontou desequilíbrio nas forças políticas
representadas no primeiro escalão e aconselhou trocas de comandos nos
ministérios. Há quem tenha interpretado essas falas a "aliados" como
uma oferta pessoal para sair do Legislativo rumo ao Executivo.
De fato, tanto Lira quanto o presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD),
têm sido citados como prováveis futuros ministros, dado que deixam as
presidências do Parlamento com café ainda quente. São perfis diferentes, no
entanto.
Pacheco, conciliador e integrante do partido comandado
por Gilberto
Kassab, um ás na arte de navegar em duas canoas, teria como objetivo o
governo de Minas Gerais para o qual a visibilidade e poder de um ministério
serviriam bem.
Já Lira é do enfrentamento. Faz o estilo trator, é do
partido presidido por Ciro Nogueira, defensor de Jair Bolsonaro e para quem não
há hipótese de haver outro plano para a direita em 2026 que não uma candidatura
própria a presidente da República com reforço nas bancadas do Congresso.
Não quer dizer que uma ampliação de espaços na Esplanada
seria rechaçada, ao contrário, mas para servir aos interesses do PP e
companhia, jamais para firmar aliança eleitoral com o PT. Além disso, Arthur
Lira —postulante ao Senado— tem dito que prefere operar nas internas do
Congresso que, segundo ele, precisa se impor de maneira ainda mais contundente.
Como, então, iria conciliar essa visão de mundo com os
interesses do governo? Difícil. A menos que mudasse totalmente seus planos.
Ainda assim estaria na equipe de Lula sempre sob a suspeita (e tiroteio do PT)
de que jogaria contra. Resta uma questão crucial: o grau de confiança entre
Lula e Lira.
Ao que circula por Brasília sobre a reforma ministerial, ela
teria três critérios principais: melhoria na comunicação do governo; utilidade
na atração de votos no Congresso à agenda do governo e para barrar pautas da
agenda da direita radical; e compromisso de apoio ao PT —com Lula ou sem ele—
em 2026.
É no terceiro item que a coisa pega. Em que termos seria
firmado esse acordo? Até que ponto iria a confiabilidade de tal acerto? Um
contrato assinado agora teria cláusulas de rescisão submetidas a circunstâncias
futuras? Como se vê, sobrariam incertezas e faltaria firmeza na execução.
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