Está correta a postura do presidente Lula ao rebater as
acusações irresponsáveis e demagógicas de políticos e empresas francesas contra
o agro brasileiro
Já o deputado Antoine Vemorel, do Droite Republicaine,
chegou a acusar o Mercosul - bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai e
Uruguai - de utilizar produtos cancerígenos nas carnes que exporta para a
Europa. - (crédito: Reprodução do portaldaindustria)
Está correta a postura do presidente Lula ao rebater as
acusações irresponsáveis e demagógicas de políticos e empresas francesas contra
o agro brasileiro. Como ressaltou o chefe do Planalto, é importante que o
Brasil avance nas negociações entre Mercosul e União Europeia — sem deixar de
responder a eventuais leviandades — e amplie a presença brasileira em mercados
ascendentes, como Índia e China, que somam quase 30% da população global.
O posicionamento do governo brasileiro vem no momento em que
as tratativas entre o Mercosul e a União Europeia chegam a uma etapa decisiva.
Em Brasília, a última semana foi marcada por extensas reuniões entre
negociadores dos dois blocos econômicos a fim de dirimir ao máximo as
pendências relativas ao acordo de livre comércio, em construção há mais de 20
anos. A intenção é avançar nas questões técnicas, passando para um nível
superior, no qual se faz necessário o diálogo político.
Existe uma expectativa de que chefes de Estado
sul-americanos anunciem resultados relevantes esta semana, na reunião de cúpula
do Mercosul em Montevidéu. Em visita a Brasília, o presidente eleito do
Uruguai, Yamandú Orsi, manifestou confiança nos trabalhos diplomáticos.
"Somos otimistas, como Mercosul e como região, somos otimistas com a
possibilidade de seguir estreitando laços com outras regiões, fundamentalmente
com a Europa", disse.
Como se vê, a busca pela concretização do acordo Mercosul-UE
ocorre por meio negociação coletiva, não cabendo neste momento a resistência de
um país-membro em particular — o que dirá de uma empresa. Na quarta-feira, ao
se manifestar sobre o tema, Lula foi direto ao ponto. "Se os franceses não
quiserem o acordo, eles não apitam mais nada, quem apita é a Comissão Europeia.
A Ursula von der Leyen (presidente da Comissão Europeia) tem procuração para
fazer o acordo, e eu pretendo assinar esse acordo este ano ainda",
esclareceu.
Existem razões adicionais, de caráter geopolítico, para o
Brasil avançar em acordos multilaterais de comércio exterior. Com a volta de
Donald Trump à Casa Branca a partir de janeiro, é iminente uma ofensiva
tarifária por parte dos Estados Unidos, com efeito sobre todos os países que
mantêm comércio com a maior economia do mundo. Faz sentido, portanto, o governo
brasileiro ampliar o leque de mercados interessados em adquirir produtos
nacionais.
Essa mesma estratégia se aplica no estreitamento diplomático
com a China. A recente visita do presidente Xi Jinping ao Brasil, com a
assinatura de 37 acordos comerciais e de cooperação, atende aos
interesses dos dois países. Apenas no item exportação, a entrada de novos
produtos, como farinha de peixe e gergelim, no mercado chinês tem potencial de
US$ 450 milhões na balança comercial brasileira.
Com pragmatismo e sem subserviência, o Brasil constrói
condições para ganhar relevância na economia internacional. Nesse projeto, é
fundamental o governo e o setor produtivo deixarem claro que não aceitam
imposições que remetam ao colonialismo ou que causem danos, por meio de
desinformação, à excelência do agronegócio.
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