Os republicanos vão mal, os adversários também
O sujeito não gostava de Donald Trump e
em 2020 torceu pela eleição de Joseph Biden. Passou quatro anos fingindo não
ter percebido que ele estava senil e torcia para que não disputasse a
reeleição. Enganou-se. Depois do desastroso desempenho no debate com Trump, a
caciquia do Partido Democrata forçou Biden a sair da disputa, e o sujeito
passou a torcer por Kamala
Harris. Deu no que deu: os republicanos fizeram cabelo, barba e bigode na
última eleição.
Aproveitando o ocaso de seu mandato, Joe Biden valeu-se de
uma prerrogativa dos presidentes americanos e perdoou seu filho Hunter, que se
reconheceu culpado por vários crimes, inclusive evasão fiscal. Era um caso de
cadeia na certa.
A política americana está com parafusos
soltos. Enquanto Biden perdoava o filho e atacava a Justiça, Trump anunciava
que o empresário Charles Kushner, pai de seu genro, será embaixador em Paris. Seria apenas
um caso de nepotismo, mas Papi Kushner passou dois anos na cadeia, por
sonegação e crimes muito maiores que os de Hunter.
Presidentes americanos perdoando delinquentes é coisa
frequente, mas nunca houve caso de perdão familiar com ataques ao Judiciário.
Com essa medida, Biden passa a disputar com Trump o título de segundo pior
presidente no quesito comportamento pessoal. O primeiro lugar ninguém tira de
Richard Nixon. Pelo conjunto da obra, a taça continua com George Bush II
(2001-2009).
Presidente incapaz, os Estados Unidos já
tiveram. Woodrow Wilson governou de 1919 a 1921 depois de ter sofrido um
acidente vascular cerebral que lhe tolheu os movimentos e parte da visão.
Joe Biden aliviou o filho sabendo que, com isso, abre a
porta para uma política de perdões amplos, gerais e irrestritos com Trump.
Está entendido que o Partido Republicano expôs seus
problemas ao se deixar capturar por Trump. Resta agora a necessidade de olhar
para a crise do Partido Democrata. Ela vem de longe, desde 1993, quando o casal
Bill e Hillary Clinton entrou na Casa Branca. Jogaram bruto e enriqueceram. Ele
tem a maior marca na indústria dos perdões. Aliviou 450 condenados, inclusive o
próprio irmão. O casal acumulou tamanho poder que conseguiu neutralizar a
influência de Barack Obama no
partido.
Biden colocou no próprio colo um perdão escandaloso e fez
isso contrariando suas promessas públicas. Nada a ver com outro perdão, o de
Gerald Ford a Richard Nixon, em 1974.
O republicano Ford era um político decente. Perdoou seu
antecessor, obrigado a renunciar no rastro do escândalo dos grampos do caso
Watergate. Fez isso para cicatrizar feridas que jogariam os Estados Unidos numa
crise política duradoura. Trapaça da História: com Trump na Casa Branca, o modo
crise passa a ser rotina em Washington.
A política americana sempre teve uma sólida capacidade de
regeneração. Quando parecia corrompida, depois do desastre dos democratas no
Vietnã e da falência da Presidência do republicano Nixon, apareceu Jimmy
Carter, um governador da Georgia, pouco conhecido. Saído do nada, elegeu-se em
1976.
Para o sujeito que torceu por Biden, resta torcer para que o
barão de Itararé estivesse errado quando disse que, de onde menos se espera, é
que não sai nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário