Ano após ano, vemos um governo com uma política econômica
desastrada, defendida por sua bolha
A economia do país sempre afeta as Festas e, desta vez, o
fim de ano veio com a guerra de narrativas sobre a explicação para a alta
do dólar.
Para evitar vieses, examinemos os dados e os argumentos dos dois lados.
O PIB do Brasil cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024,
segundo o IBGE,
chegando ao patamar de crescimento da China. Com isso,
houve alta de 4% em relação ao mesmo período do ano passado. Nesse mesmo
terceiro trimestre, o desemprego caiu para 6,1%, como aponta a Pnad Contínua.
Entretanto esses números positivos não refletem o sentimento
da população. Em pesquisa Genial/Quaest, 40% dos brasileiros acham que a
economia piorou nos últimos 12 meses. Em seguida, revelou-se que 68% das
pessoas responderam que seu poder de compra está menor que há um ano.
Vê-se que o pessimismo é algo popularizado.
Ao mesmo tempo, circulou maciçamente a notícia de que a alta do dólar ocorreu
por causa de um ataque especulativo do mercado financeiro, reagindo a memes
classificados como fake news. Aliado a isso, essa corrente de analistas
identificou que o Banco Central não agiu como deveria e que tal postura agravou
o problema.
A divergência explica por que o pacote fiscal apresentado e
as declarações do presidente foram determinantes para que a pouca confiança que
já havia no plano econômico federal terminasse por sumir.
Uma das promessas era que as contas públicas teriam déficit
zero em 2024, quando, na prática, os nove primeiros meses do ano acumulam
prejuízo de R$ 105,18 bilhões. Para ter uma visão geral, em 29 de novembro a
Instituição Fiscal Independente do Senado publicou uma análise do corte de
gastos proposto pelo governo. A economia projetada no plano é de R$ 22,8
bilhões em 2025 e de R$ 32,5 bilhões em 2026. Com isso, os cálculos apontam que
as finanças públicas terão déficit de R$ 102,9 bilhões e R$ 107,8 bilhões nos
dois anos, respectivamente. Não é preciso ser especialista para ver que a conta
não chega nem perto de fechar com déficit zero.
A crítica à postura do BC dirige-se ao presidente, indicado
pelo governo Bolsonaro, cuja independência é tida como nociva para o país. Esse
modelo é adotado em Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Reino Unido, Japão, Chile, México e outros
tantos países. Portanto o problema não é o modelo. Além disso, todos os
indicados por Lula concordaram
com as decisões de política monetária, sempre colegiadas. Então, tais fatos não
sustentam a tentativa de colocar a culpa no governo anterior.
Faz muito mais sentido que a causa do aumento do dólar nas
últimas semanas tenha sido o alto risco de investir no país, diante da política
fiscal irresponsável, em que se promete muito e nada se entrega.
Ano após ano, vemos as mesmas coisas: um governo com uma
política econômica desastrada, defendido por sua bolha, contando com analistas
e intelectuais que tratam a população como incapaz de enxergar o verdadeiro
motivo por que o dinheiro sai de seus bolsos cada vez mais rápido. Isso precisa
acabar.
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