A mobilidade eficiente exige ações do poder público e do
cidadão pela garantia do respeito à vida e pelo crescimento do Brasil
No Brasil, as estradas são a principal alternativa de
deslocamento por demandas de trabalho e de lazer. Nesta época, com as festas de
fim de ano e as férias, o movimento é intensificado devido ao aquecimento da
economia — que exige o transporte de um volume maior de mercadorias — e,
principalmente, em decorrência das viagens de descanso. Esse aumento de
circulação no asfalto escancara a falta de segurança e manutenção nas pistas,
além de comprovar que a imprudência segue ao lado de muitos motoristas. Questões
que o país, com sua extensa malha rodoviária, ainda não conseguiu deixar para
trás.
No último dia 21, perto do Natal, um acidente na BR-116,
altura de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, em Minas Gerais, provocou 41
mortes. Uma carreta que transportava granito, um ônibus e um carro de
passeio envolveram-se na trágica ocorrência, a pior da série histórica
nas estradas federais desde 2007. As causas da colisão são investigadas, mas é
possível que problemas crônicos tenham contribuído. Perto do local, um radar de
controle de velocidade foi retirado, a Polícia Civil apontou que o condutor do
caminhão estava com a CNH suspensa e testemunhas disseram que um pneu do
coletivo estourou. Tudo será devidamente esclarecido pelas autoridades
competentes, porém as hipóteses nos fazem pensar que a fiscalização efetiva e o
cumprimento das leis de trânsito poderiam ter evitado tanta dor.
Agora, na contagem regressiva para o réveillon, o alerta de
perigo nas rodovias continua em nível máximo, com os brasileiros se deslocando
para a virada do ano e também as férias. A parte que compete aos motoristas
precisa ser considerada. Se na rota há diversas armadilhas, quem está ao
volante deve adotar medidas para minimizar os riscos. Fazer a revisão do
veículo, dirigir com cautela, respeitar as regras e as sinalizações — como
limite de velocidade — e planejar bem o trajeto são responsabilidades que não
podem ser negligenciadas.
Aos governos que têm a incumbência de cuidar das estradas
brasileiras, a tarefa é grande e não está em dia. As perdas humanas,
incomensuráveis, se acumulam há décadas e transformam as estatísticas de sangue
que marcam o território nacional em sofrimento sem fim para as famílias. Os
desastres e a ausência de condições ideais exercem ainda impacto direto na
economia e no desenvolvimento. Sem fluidez segura nas pistas, o crescimento do
país, que decidiu apostar no transporte rodoviário, não dá sinais de mudança
significativa de rumo para outras alternativas, fica travado.
É necessário ampliar os recursos destinados às estradas. A
melhoria da infraestrutura é um processo que requer constância e investimento.
A mobilidade eficiente exige ações do poder público e do cidadão pela garantia
do respeito à vida e pelo desenvolvimento socioeconômico do Brasil. As
concessões à iniciativa privada precisam ser conduzidas e monitoradas por
autoridades com todo o rigor possível. Esforços nunca são demais para que o
país cumpra o caminho correto e conquiste uma rede rodoviária que deixe de ser
sinônimo de perigo para a população e atinja o potencial que o mercado
necessita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário