As dificuldades de 2025 na economia, na segurança, na
infraestrutura, na educação e no meio ambiente
O ano de 2025 dará trabalho ao Brasil. Da economia à
segurança, da infraestrutura à educação, há
muito a fazer. O cenário externo mudou. A eleição de Donald Trump nos Estados
Unidos traz um misto de incerteza e adversidade, justamente quando o governo e
o Congresso relutam em enfrentar a crise fiscal. A escalada do endividamento
exige ações robustas de ajuste das contas públicas. A crise de confiança não
foi debelada. Novos cortes de despesas serão necessários, e brigar com o Banco
Central diante do inevitável aumento dos juros que se desenha só tornará a
situação pior. Esse, sem dúvida, é o desafio mais urgente.
Na lista do que fazer, o desafio seguinte
está na segurança. É fato que os homicídios caíram 3,4% em 2023, confirmando
tendência iniciada em 2018. Mas, com 22,8 mortes por 100 mil habitantes, o
Brasil ainda tem mais assassinatos que a média latino-americana. Há enormes
disparidades regionais. A taxa no Rio é superior às do México e da Colômbia. A
de São Paulo está próxima da americana. Mas a polícia paulista tem matado mais
e emitido sinais de descontrole. Enquanto os crimes de rua têm caído,
estelionatos, feminicídios, violência doméstica
e estupros não param de crescer.
É fundamental haver coordenação nacional contra o poder de
organizações criminosas que operam em todo o país e até no exterior. Aprovar a
PEC da Segurança Pública seria um bom começo para o governo federal assumir a
responsabilidade que lhe cabe. Na discussão sobre segurança, é essencial
eliminar o oportunismo político e basear as decisões em dados. Por óbvio, a
polícia não tem o direito de atirar primeiro e perguntar depois. Propostas
bisonhas de mudanças na legislação podem agitar certos grupos de eleitores, mas
estão distantes de resolver qualquer problema. A crise exige das autoridades
mais inteligência e menos demagogia.
Na infraestrutura, a prioridade é resgatar o papel
institucional das agências reguladoras. Criadas na década de 1990 para garantir
o cumprimento de contratos, elas precisam funcionar com autonomia e rigor
técnico. Em ambos os quesitos, têm sofrido degradação. A indicação de diretores
virou um balcão de negócios. A interferência política, a força discricionária
de lobbies ou a incompetência minam o ambiente de negócios. Dependendo do
setor, o investidor exige mais 1,5% de margem de lucro para investir no Brasil
em razão do risco regulatório. O custo da imprevisibilidade é alto e tem
crescido. Num país com infraestrutura deficiente e investimentos em falta, isso
é uma tragédia.
O segundo maior desafio na infraestrutura é reverter a
deterioração do setor elétrico. A atuação de grupos de pressão em busca de
subsídios e benesses precisa ser contida. Em vez de investir em ganhos de
produtividade, eles obtêm no Congresso concessões e regalias que dificultam a
transição energética e encarecem a conta de luz. Um exemplo recente foi o
projeto aprovado para regulamentar a instalação de usinas eólicas em alto-mar.
Durante a tramitação, o texto recebeu enxertos sem conexão com o mote original
ou com a lógica econômica. A lei prorroga a geração de energia a carvão e prevê
a contratação compulsória de térmicas a gás. Quem ganha com isso? Certamente
não é o Brasil. O ano de 2025 deveria marcar o início da caça a esses
“jabutis”.
Na educação, outro setor prioritário, o governo federal
precisará estabelecer metas para os próximos dez anos. A principal medida que
deveria tomar é estender a todo o país boas práticas de ensino que já existem,
mas continuam restritas. Há também novos problemas, como preparar as redes
escolares para enfrentar as mudanças climáticas. No ano passado, escolas
ficaram fechadas devido à enchente no Rio Grande do Sul e às queimadas noutras
regiões. Planos emergenciais devem ser preparados com antecedência e testados.
Outra questão que exige atenção é o fechamento de escolas pela violência.
Crianças e jovens mais vulneráveis são os mais prejudicados.
O governo federal deveria dar mais agilidade à política
nacional para a primeira infância e à integração dos bancos de dados
educacionais. O ano de 2025 também será crítico para a implantação do novo
ensino médio. Aprovada em 2017, a reforma foi suspensa em 2023. Depois de idas
e vindas, a versão final foi aprovada no Congresso, mantendo as metas
principais. É hora de pôr tudo em prática.
Na área ambiental, o desafio será lidar com o governo Trump
nas negociações da 30ª Conferência do Clima da ONU, prevista para Belém no
segundo semestre. Tentar costurar um acordo, por consenso, entre quase 200
países sobre mitigação e adaptação às mudanças do clima já não era fácil. Com
Trump, ficou ainda mais difícil. Em paralelo, assim como aconteceu com as
queimadas e enchentes em 2024, eventos extremos mais frequentes e mais intensos
prometem surpreender.
A volta de Trump provoca complicações também na economia. O
plano de aumentar tarifas comerciais e promover deportações terá impacto
na inflação,
portanto nos juros. O dólar já subiu por causa disso, agravando o desafio
fiscal do Brasil. Como se vê, trabalho para o governo não há de faltar no ano
que começa.


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