Governador do Rio repete Milei como farsa ao desprezar
arquivos da ditadura
A pós-verdade está aí, quase palpável. Mas é bom dar uma
força. Fechar institutos de memória, demitir pesquisadores, extraviar, deixar
apodrecer e destruir documentos é método eficaz para engendrar uma nova versão
dos fatos, mesmo que estes, em sua maioria, pareçam falsos e absurdos. No
galpão das narrativas há sempre quem os compre e espalhe. Afinal, Hitler era
comunista, garante Alice Weidel, líder do partido de extrema
direita alemão apoiado por Elon
Musk.
Durante a campanha que o levou à Presidência, Javier Milei já
havia negado que a ditadura argentina tenha sido responsável pelo
desaparecimento de 30 mil pessoas, como sustenta o Registro Unificado de
Vítimas do Terrorismo de Estado. Pois agora, com pouco mais de um ano no poder,
Milei não se limita a contestar fatos históricos em vídeos divulgados nas
redes. Busca apagar a memória do país.
Cortes de servidores e recursos põem em risco o
funcionamento do Centro de Memória Haroldo Conti e de uma série de atividades
de pesquisa desenvolvidas num complexo de museus e institutos de direitos
humanos que ocupam a antiga Escola de Mecânica da Armada, principal centro
clandestino de detenção e tortura do regime militar.
No Brasil ocorre o mesmo. Mas com requintes de farsa. Documentos relacionados à
prisão do deputado Rubens Paiva —que como o escritor argentino Haroldo
Conti foi sequestrado e morto— estão "esfarelando", de acordo com a
denúncia de Victor Travancas, exonerado do cargo de diretor-geral do Arquivo
Público do Rio de Janeiro pelo governador Cláudio
Castro.
A instituição abriga 26 funcionários fantasmas, segundo Travancas, nomeado para
o cargo em dezembro. As salas estão com o piso quebrado, há buracos no chão, rachaduras em pilares,
fiação elétrica exposta. O Arquivo guarda toda a documentação do Dops desde os
anos 1930, com registros do Estado Novo e do golpe de 1964.
"Que orgulho para o Brasil! Fernanda Torres fez história ao ganhar o Globo
de Ouro", postou Cláudio Castro. Ou ele não viu o filme "Ainda Estou Aqui", que conta a trajetória de
luta da família Paiva, ou passou óleo de peroba demais no rosto.
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