Planalto mobiliza ministros por 2026, mas iniciar gestão
com alta nos gastos limita Orçamento para surpreender eleitores
Para o bem ou para o mal, políticos governam mirando as
próximas eleições —e beira a ingenuidade imaginar que possa ser diferente. Nos
casos virtuosos, promove-se o interesse público com os meios à disposição; nos
piores, busca-se popularidade imediata com medidas enganosas ou insustentáveis.
Não se pode acusar Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) de
dissimulação quanto ao tema. Ele já pontificou, anos atrás, que um homem
público faz campanha "da
hora em que acorda à hora em que dorme, 365 dias por ano". Agora,
empossou seu marqueteiro no primeiro escalão do governo e mobilizou
publicamente seus ministros com a declaração de que "2026 já
começou".
Não se sabe ao certo o que resultará desse alvoroço de meio
de mandato, mas os auxiliares do cacique petista já se empenham em mostrar
serviço. Rui
Costa, da Casa Civil,
disse nesta quarta (22) que o governo deve adotar um "conjunto de
intervenções" para baratear os alimentos. Tudo ainda a ser estudado,
porém.
Também se noticiou que Sidônio
Palmeira, o novo titular da pasta da Comunicação, percorrerá os ministérios em
busca de marcas capazes de impulsionar a propaganda oficial.
Fato é que Lula terá dificuldades consideráveis em
surpreender eleitores doravante por não ter seguido a receita clássica do
presidencialismo nacional —arrumar as contas e tomar as providências
impopulares necessárias no início do governo, de modo a contar com bons
resultados e folga orçamentária mais perto da disputa pela sucessão.
Foi o que ele próprio fez, com louvor, em seu primeiro
mandato. No segundo, embora também bem-sucedido, incorreu em imprudências para
eleger Dilma
Rousseff (PT), que arruinou o Orçamento e a economia.
Nesta terceira passagem pelo Planalto, Lula escolheu começar
pelo aumento
amplo e geral dos gastos, o que contribuiu para mais um biênio de
crescimento econômico acima das expectativas. Com isso, porém, não conseguiu
mais que índices modestos de popularidade. Em dezembro, segundo o Datafolha,
era aprovado por 35% dos brasileiros e reprovado por 34%.
Pior, a escalada da dívida pública impulsionou a alta
do dólar e
da inflação —que
não será contida por intervenções mirabolantes aventadas pelo titular da Casa
Civil, mas por juros escorchantes
do Banco
Central que limitarão o avanço do PIB.
O assanhamento eleitoral explicitado em Brasília faz parecer
menos provável um ajuste orçamentário capaz de restabelecer a credibilidade das
contas do governo. De todo modo, estreitaram-se também as condições para mais
medidas eleitoreiras perdulárias, que nas atuais circunstâncias gerariam
impactos imediatos no dólar e na inflação.
Se o ministro marqueteiro não conseguir encontrar grandes
marcas publicitárias no que foi feito até agora a custos elevadíssimos, será
difícil viabilizar novas.
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