Lula reclama da falta de cartazes enquanto Congresso volta
das férias com sangue nos olhos
Presidente quer mais divulgação de programas do governo e regulação das big techs, mas deputados e senadores vão exigir pagamento de emendas para aprovar o Orçamento de 2025 e outros projetos
Dia desses o presidente Lula reclamou para ministros, no
Palácio do Planalto, que faltavam cartazes de divulgação dos programas do
governo nas cidades. Lembrou dos tempos do país das maravilhas em que muitas
farmácias exibiam a inscrição “Aqui tem farmácia popular” e até ônibus tinham
propagandas afixadas.
“Não vejo mais esses cartazes”, protestou ele. “Nós estamos
virando algoritmo.” Lula cobrou protagonismo desses e de outros projetos, como
o Pé-deMeia, que dá bolsas para alunos do ensino médio e já teve quase duas
dezenas de “lançamentos”.
É por isso que, até agora, a única mudança
no primeiro escalão do governo foi a do ministro de Comunicação Social. A
entrada do marqueteiro Sidônio Palmeira é vista pelo Planalto como uma espécie
de “salvação” do terceiro mandato de Lula.
A menos de duas semanas do fim das férias parlamentares, no
entanto, o presidente pode se preparar para um novo episódio crítico desta
temporada: o cabo de guerra com o Congresso.
O ano de 2024 terminou azedo por causa da decisão do
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino de cortar parte
considerável das emendas parlamentares.
Diante desse cenário, o Congresso retoma as atividades com
sangue nos “olhos digitais”, como mostram as fake news sobre a taxação do Pix.
Após recuar para estancar o desgaste, o governo prepara agora uma campanha
dizendo que o Pix é “seguro” e “sem taxa”.
De qualquer forma, mesmo sob nova direção a partir de 1.º de
fevereiro, deputados e senadores prometem segurar votações importantes, como a
do Orçamento de 2025, enquanto não tiverem suas emendas.
Tanto Hugo Motta (Republicanos), favorito para ocupar a
presidência da Câmara, como Davi Alcolumbre (União Brasil), já chamado de
comandante do Senado, avisaram a Lula que o céu não está para brigadeiro.
Somam-se a essas turbulências a reforma ministerial
encruada, as queixas do Centrão, a oposição disposta a barrar o avanço do
projeto que limita os supersalários, além da regulação de redes sociais, e está
formada uma nova crise.
Constam do pacote que promete enfurecer a oposição temas
sobre os quais o STF vai se debruçar. Na lista estão a responsabilização das
big techs e o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados por
tentativa de golpe.
Em um mundo no qual Bolsonaro acredita que o presidente dos
EUA, Donald Trump, pode interferir na Justiça do Brasil para reverter sua
inelegibilidade e Mark Zuckerberg, da Meta, afirma que países latino-americanos
têm “tribunais secretos”, algo está muito errado. Dá até vontade de voltar à
época dos cartazes defendidos por Lula.
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