Grande problema do governo Lula 3 é a comunicação?
Presidente Lula mudou o corneteiro do campo de batalha, mas
nada adiantará se a estratégia de combate continuar a mesma
O presidente Lula decidiu substituir o ministro Paulo
Pimenta pelo publicitário e marqueteiro Sidônio Palmeira para comandar a
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom).
A falha recorrente que o governo quer agora corrigir é a de
que a área de Comunicação não está funcionando bem, porque não consegue
transmitir para a sociedade os bons resultados obtidos na economia e na
política social do governo.
Também estão escancaradas, para o governo e para as
principais alas do PT, as falhas de comunicação nas redes sociais, que os
políticos da direita conseguem utilizar melhor.
A questão principal está longe de ser de incompetência do
ministro Paulo Pimenta, embora ela também possa pesar no desempenho da Secom.
É preciso, sim, colocar um filtro nas bobagens que o
presidente Lula tem dito, como a de que a democracia na Venezuela se resume a
mudanças de narrativa, e não às práticas ditatoriais do governo Maduro. Ou,
então, a de que o governo de Israel esteja submetendo a população de Gaza a um
genocídio equivalente ao do Holocausto colocado em prática pelos nazistas
comandados por Hitler.
Mas garantir essa filtragem não basta. O
mais importante está em saber o que comunicar. Não basta dizer, por exemplo,
que a economia está crescendo a maravilha de 3,5% ao ano e que o desemprego
despencou para 6,2%. É preciso reconhecer, também, que esse desempenho se deve,
em grande parte, à disparada das despesas públicas, fator que vem criando uma
demanda artificial de bens e de serviços.
Nada provoca maior impacto negativo nas comunicações do
governo do que o dólar acima de R$ 6, que encarece a carne, combustíveis e os
alimentos cotados em moeda estrangeira e que esmerilha o salário.
E não adianta continuar a perseguir bodes expiatórios para
encobrir esses gols contra, como aconteceu ao longo de 2024, com tantos ataques
ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
O governo está notoriamente dividido, como fica demonstrado
pela maneira como o ministro da Fazenda e a ministra do Planejamento vêm sendo
desautorizados.
Como poderia ser feita uma boa comunicação do pacote fiscal
do governo, se as próprias autoridades da área econômica admitem que o corte
das despesas é insuficiente para reverter o rombo das contas públicas e evitar
que a dívida salte para a casa dos 100% do PIB?
Também não adianta insistir em que os juros estão em níveis
irresponsáveis sem, ao mesmo tempo, admitir que eles só estão nessas alturas
porque tentam, de alguma forma, compensar a irresponsabilidade original, que é
a de deixar que o rombo escape para onde escapou.
Ou seja, de nada adianta trocar o corneteiro do campo de
batalha se a estratégia de combate continua errada e se o comandante mostra
insegurança sobre o que pretende.
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