Congresso muda comando com o compromisso de manter as
coisas como estão
A escolha
dos novos presidentes da Câmara e do Senado, neste
sábado (1º), contraria a regra de que eleição não se ganha de véspera. Hugo Motta (Republicanos-PB)
e Davi
Alcolumbre (União Brasil-AP)
consolidaram suas vitórias muito antes disso. O deputado Motta esteve desde
sempre no radar como reserva técnica de Arthur Lira (PP-AL) enquanto ele
exercia o poder do jogo de cena da indecisão versus expectativa entre três ou
quatro companheiros de centrão.
O senador Alcolumbre cedeu a cadeira para Rodrigo
Pacheco (PSD-MG),
há quatro anos, já na perspectiva de uma volta certa sem contestações
significativas ao nome daquele que havia chegado à presidência como novato em
2019 já derrotando o veterano Renan
Calheiros (MDB-AL).
Pode haver um ou outro protesto sobre a
concentração de comando, manobras regimentais indevidas, mas se o resultado for
diferente do previsto será algo tão surpreendente quanto a eleição de Severino
Cavalcanti (PP-PE) em 2005. Desta vez, porém, não há risco no
horizonte. Lá, o que hoje chamamos de centrão atuou no espaço aberto por uma
barbeiragem do PT de competir com dois candidatos, ambos sem apoio suficiente
na Casa. Aqui, o partido rendeu-se às evidências e entrou na composição.
Uma frente ampla de fato, formada a partir de um acordo
cujos termos falam mais a respeito de interesses internos que de conexão com a
sociedade. Descontadas referências vagas a esforços "por um Brasil
melhor", a tônica dos compromissos é sindicalista. No topo da agenda, a
preservação do poder sobre o Orçamento no manejo das emendas.
Há promessas para a administração de pautas divergentes
entre direita e esquerda, deve haver alguma distensão nas relações com
Executivo e Judiciário, mas o grande consenso firmado é em torno da manutenção
das coisas como estão. Fosse para mudar a dinâmica poderosa e autorreferida do
Congresso, Hugo Motta e Davi Alcolumbre não estariam sendo ungidos às
presidências da Câmara e do Senado num clima de confraternização fundado na
certeza de que o Parlamento seguirá no controle da situação.
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