A decisão do Congresso
Nacional de empurrar com a barriga a votação do Orçamento como
barganha política para as negociações das emendas
parlamentares não deixa de estar por trás da mais nova crise política
envolvendo a suspensão
das linhas subsidiadas do Plano Safra.
O Congresso não fez nada relevante, após a volta do recesso
de fim de ano, à espera do resultado da reunião de conciliação chamada
pelo STF para
dar transparência no pagamento das emendas parlamentares. Para os
congressistas, as férias continuam.
A audiência no Supremo está marcada para o próximo
dia 27 e não deve acabar com o impasse.
A expectativa de integrantes do próprio
governo é que o ministro Flávio Dino só
irá ceder em pontos menores. Espuma que não abarca o centro da disputa, como as
emendas parlamentares de comissão e a rastreabilidade da verba orçamentária.
O Congresso também não acredita em acordo. Basta ver o
recado velado que foi a aprovação do projeto das emendas parlamentares no Senado. O
projeto ressuscita emendas que foram canceladas, uma afronta ao Supremo.
Congressistas apostam que o presidente Lula conseguirá
apoio de Dino para terem suas demandas atendidas, e usam como arma de pressão,
desde o ano passado, o adiamento da votação do Orçamento.
A Frente Parlamentar do Agronegócio culpa
o governo, mas não viu o problema? Não agiu para votar a lei orçamentária.
Nada disso muda o fato de que o governo em geral voltou a
tratar esse episódio do Plano Safra —um assunto com implicações políticas
óbvias— de forma técnica e burocrática.
Como na crise
do Pix, mais uma vez não se preparou. Nem com o mínimo, que seria uma
entrevista na Fazenda para explicar as razões da medida. Nem sequer houve um
comunicado geral à imprensa. A sangria não estancou.
O governo foi inábil num momento em que o presidente Lula
cobra medidas para baratear o preços dos alimentos. Prato cheio para a
oposição. Uma oportunidade de ouro para os grandes agricultores tentarem
abocanhar uma fatia maior do subsídio do Tesouro no Plano Safra.
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