Eduardo Paes afirma que não vai armar a guarda municipal,
mas abrirá concurso com requisitos específicos para novos agentes
Na pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, o
Rio de Janeiro é o estado em que a segurança é vista como o problema mais
grave, apontado por 71% dos entrevistados. É o único estado com um percentual
tão alto. O prefeito Eduardo Paes,
do Rio de Janeiro, está criando uma força municipal armada para combater os
crimes de rua, que têm crescido muito. Paes afirma que tentará atrair quadros
formados nas Forças Armadas, como o CPOR, que serão treinados especificamente
para atuar nesse tipo de ação urbana.
“Ela não vai enfrentar o problema da milícia, da ocupação
territorial, do crime organizado, nem substituir a Polícia Militar ou a Civil.
O que a gente quer é criar um modelo de policiamento ostensivo, comunitário,
preventivo, que parta da premissa do respeito aos direitos do cidadão, mas que
combata a bandidagem que toma conta das ruas das cidades brasileiras”.
Este foi um dos assuntos da entrevista que
fiz na GloboNews com Eduardo Paes nesta semana que abre oficialmente o carnaval
carioca. Na verdade, já está aberto, como lembra o prefeito.
— O carnaval, ficou comprovado esse ano, é um ciclo de mais
de um mês. Primeiro saem os blocos oficiais, que já estão na rua desde o início
do ano. Depois, os ensaios técnicos na Sapucaí que foram um enorme sucesso, 120
mil pessoas acompanhando as escolas de graça. Agora, os desfiles.
Uma novidade deste ano no Grupo Especial das escolas de
samba é a divisão do desfile em três dias. Ele acha que dará certo, brinca que
teme apenas o próprio cansaço, já que vai todos os dias, inclusive nos do Grupo
de Acesso.
—Meu sonho é o do carnaval sustentável do ponto de vista
financeiro, que não seja necessário o subsídio. A Liesa está propondo uma
modelagem interessante, baseada na história do business do carnaval. É uma
manifestação cultural incrível, com tudo aquilo que a gente sabe que as escolas
de samba transmitem na Sapucaí, mas isso representa uma atividade econômica
importante para a cidade.
Este ano, o Rio será a Capital Mundial do Livro, e quis
saber o que isto irá representar para a cidade especificamente.
— Tem uma novidade que eu não contei ainda: a gente vai
lançar um concurso internacional para a construção de uma grande biblioteca
pública na região portuária do Rio. Vai ser biblioteca pública e arquivo geral
do município. Um ícone naquela região — revelou Paes.
Além disso, uma programação especial está sendo organizada:
— Em 23 de abril, dia de São Jorge, é o dia em que o Rio
vira a capital mundial do livro. Vamos fazer um grande lançamento disso com uma
marca, a Academia Brasileira de Letras está nos ajudando. A gente quer
biblioteca nos BRTs, a pessoa entra no BRT e tem lá uma estantezinha, para
pegar o livro e trocar gratuitamente. Muita parceria com a Biblioteca Nacional,
com o Arquivo Nacional. Vamos fazer o resgate de onde é que se produziu
literatura no Rio. A gente quer também provocar as escolas de samba no ano que
vem para ter temas da literatura mundial e literatura brasileira.
Sobre a segurança, Paes contou que fará um concurso público
para guarda municipal com requisitos específicos. Ele não pretende armar a
guarda municipal inteira, mas apenas os que terão esse treinamento. E diz que
fará isso porque, apesar de ser um assunto do estado, o município teve que se
envolver. Perguntei que garantia tinha de não ser mais uma força para mirar os
mesmos alvos, os jovens negros.
— O que a gente quer é uma guarda que seja polícia, força
municipal e que possa proteger o cidadão. É por isso que não vamos armar toda a
guarda municipal, mas as pessoas treinadas.
O prefeito do Rio, que acaba de assumir a presidência da
Frente Nacional dos Prefeitos, é do PSD, partido presidido por Gilberto
Kassab, que
tem criticado o ministro Fernando Haddad, e dito que o presidente Lula perderia
a eleição caso dispute a reeleição. Questionei sobre essas críticas:
— Posso falar da minha realidade do Rio. O desemprego
diminuiu, a economia cresceu, a arrecadação da prefeitura aumentou e a gente
voltou a ter crédito. Houve um tempo em que a gente tinha 15%, 17% de
desemprego e agora voltou ao nível mais adequado.
Eduardo Paes acaba de voltar do Fórum Econômico de Davos e
eu perguntei a ele se nesses debates a questão ambiental e climática continua
forte. Ele disse que não. Mas acha que o tema voltará a crescer por pressão dos
municípios, principalmente, nos Estados Unidos.
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