Estratégia de enfrentamento do presidente americano pode
render frutos imediatos, mas traz prejuízos no longo prazo
Donald Trump já
mostrou que não hesitará em impor tarifas, tanto a países aliados como a
adversários. Também mostrou, pela rapidez com que "se entendeu"
com México e Canadá, que está
mais interessado em arrancar
concessões de seus parceiros do que em erguer barreiras alfandegárias.
Há uma explicação psicológica para isso. Trump gosta de se
vender ao mundo como um gênio dos negócios. Introjetou tanto essa imagem que os
centros de prazer de seu cérebro fervilham cada vez que ele acha que fez uma
boa negociação.
Não estou, com isso, afirmando que o mundo
será poupado de uma guerra comercial. O risco de haver uma não é nada
desprezível. Sempre existe a chance de Trump não se entender com seu homólogo.
Apenas destaco que as motivações do presidente americano têm mais a ver com seu
ego do que com um plano de ação coerente em termos econômicos ou geopolíticos.
E o preocupante é que, em suas primeiras interações
tarifárias, Trump se deu bem, o que funciona como reforço à atitude de
bullying. A valentia de Gustavo Petro,
da Colômbia,
não durou um dia. Os líderes de México e Canadá também foram céleres em fazer
promessas a Washington. Elas não são muito realizáveis, mas os dois países
ganharam tempo. As negociações com
a China ainda
não foram enterradas.
Tais desfechos eram esperados. Exceto talvez pela China,
nenhum país tem, sozinho, condições de enfrentar os EUA, ainda a maior potência
econômica do planeta guarnecida pela mais formidável máquina militar jamais
montada.
O que Trump não quer ou não consegue ver é que essas
vitórias não vêm sem custos. Ao agir como um valentão, o presidente americano
desfaz décadas de política de alianças, baseada em laços de confiança, soft
power e ajuda externa, pela qual outros presidentes tanto se empenharam.
Nenhum país baterá de frente contra os EUA, mas vários vão
procurar caminhos sem os americanos, o que, no longo prazo, é ruim para
Washington.
E as relações internacionais não
são o único estrago que Trump está causando aos EUA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário