Ao contrário de Lula, Congresso não liga para avaliação
negativa
Estão engatilhadas duas PECS que aumentam a impunidade de
parlamentares
Igual ao governo Lula, a avaliação
negativa do Congresso bate recordes. Ao contrário do presidente, que se
desespera de olho em 2026 e corre o risco de meter ainda mais os pés pelas
mãos, senadores e deputados não estão nem aí. Findo o Carnaval, é hora de
retomar a folia.
A homologação do acordo entre os três Poderes em relação às
emendas parlamentares diminuiu a crise aguda de abstinência iniciada em agosto,
quando o ministro Flávio Dino, do STF, determinou a suspensão de pagamentos. O
dinheiro grosso —mais de R$ 148,9 bilhões nos últimos cinco anos— vai voltar a
jorrar, mas com a exigência de ressalvas.
Tais ressalvas para o cumprimento do acerto
são a prova de que toda vergonha desaparecera nas relações entre Executivo e
Legislativo. Passam a valer o que deveria ser o óbvio, o correto, o natural: um
mecanismo de transparência e rastreamento e a identificação de autoria. No caso
das chamadas emendas Pix, não será permitida a execução sem um plano de
trabalho.
Há mais de 80 inquéritos abertos no Supremo para apurar
denúncias e irregularidades envolvendo as emendas. No início do mês, o ministro
Cristiano Zanin votou para aceitar a denúncia apresentada pela PGR contra dois
deputados federais do PL e um ex-deputado, atual suplente, suspeitos de
"comercializar" verbas públicas.
O acordo não significa que as investigações sobre os desvios
serão encerradas. Pelo contrário. Aí mora o perigo e a falta de pudor dos
parlamentares, que se movimentam para resgatar a PEC da Blindagem (apelido
perfeito), criando uma situação inversa à realidade, a de que os políticos
estão acima de qualquer suspeita. São anjinhos.
Outra PEC pune ministros do STF com a perda da cadeira caso
eles se posicionem contra o direito de o congressista expressar sua opinião. A
valer a nova ordem, se o senador Marcos do Val de novo incentivar um golpe de
Estado e cometer um crime contra a segurança nacional, pedindo que os EUA
invadam o Brasil para "recuperar a democracia", quem deverá ser
punido é o Xandão.
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