A rinha de quatro governadores pelos votos de Bolsonaro em
2026
Na visão do PT, disputa pelo espólio eleitoral do
ex-presidente já está definida
Com Jair Bolsonaro mais perto da cadeia, a direita começa a
viver um clima de prévias presidenciais. Quatro governadores sonham com o
espólio do capitão em 2026. O mais ansioso é Ronaldo Caiado, de Goiás. Na
sexta-feira, ele voará 1.200 quilômetros para lançar sua pré-candidatura em
Salvador.
Caiado é uma velha novidade. Já concorreu ao Planalto em
1989, como porta-voz dos ruralistas. Sua campanha ficou marcada por lances
pitorescos. Ele aparecia no horário eleitoral montado num cavalo branco, como
se estivesse num filme de faroeste. Em debate na TV, escancarou o elitismo ao
ostentar uma especialização médica na Europa. “Essas mãos foram adestradas em
Paris”, jactou-se.
O goiano tentou se vender como antagonista do PT, mas foi
atropelado pelo furacão Fernando Collor. Terminou em 10º lugar, com menos de 1%
dos votos. Três décadas e meia depois, seu desafio é garantir legenda para ser
candidato de oposição. Ele é filiado ao União Brasil, que controla três
ministérios no governo Lula.
O governador de Minas, Romeu Zema, não
enfrenta o mesmo obstáculo. É o único presidenciável do Novo, que rasgou a
fantasia liberal e assumiu a identidade bolsonarista. Nesta semana, ele
esqueceu a retórica contra os impostos e aumentou o ICMS sobre importados.
Criticado pela incoerência, foi obrigado a voltar atrás.
Zema se reelegeu no primeiro turno, mas anda em baixa na
política mineira. Em 2024, conseguiu perder duas vezes a mesma eleição para
prefeito de Belo Horizonte. Apoiou Mauro Tramonte, que não passou do primeiro
turno, e Bruno Engler, derrotado no segundo.
Filho de quem o nome indica, o paranaense Ratinho Júnior, do PSD, também busca alçar voo nacional. Até aqui, não convenceu nem o presidente de seu partido, Gilberto Kassab. Conhecido pelo pragmatismo, ele parece mais interessado em se cacifar como padrinho de Tarcísio de Freitas, do Republicanos.
Na visão do PT, a rinha dos governadores está definida. “O candidato da direita chama-se Tarcísio de Freitas. A elite de São Paulo já o abraçou”, crava o ex-ministro José Dirceu. Falta convencer o capitão, que não perde uma chance de menosprezar o pupilo. Há poucos dias, ele disse à Folha de S.Paulo que Tarcísio não tem nada de “excepcional”. “É um bom político, assim como tem outros nomes pelo Brasil”, desdenhou.
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