Lucros eleitorais inviabilizam combate ao crime de forma
unificada
Em março, a Polícia
Federal desbaratou uma quadrilha acusada de ter enviado mais de 2.000
fuzis de Miami para comunidades do Rio dominadas pelo Comando
Vermelho. Uma ação com resultados práticos e que não disparou um tiro nem
trouxe riscos à população que vive em áreas conflagradas. Inteligência,
tecnologia e legalidade, três fundamentos que faltam às polícias militares sob
comando dos estados.
Se não tivesse deixado de lado a
articulação política para investir no brilho marqueteiro, o Planalto poderia
usar o exemplo da operação contra o tráfico de armas para ajudar na aprovação
da PEC da Segurança. A proposta de Ricardo
Lewandowski ainda não foi apresentada e está há nove meses, uma
eternidade, sendo discutida e atacada pela oposição. Seu objetivo central é
bastante simples: integrar os esforços da União, dos estados e dos municípios
(que agora terão guardas armadas) no combate à criminalidade.
Mas, diante de parlamentares hostis e de governadores em
campanha presidencial, nada é simples. Parte da Câmara põe os interesses de uma
só pessoa —que tentou um golpe para se perpetuar no poder— acima do problema
que, ao lado do preço dos alimentos, mais aflige os brasileiros.
Num ritmo devagar, quase parando, o governo se mostra
inseguro ao abordar o tema da segurança. E deve se preparar para o chumbo
grosso que vem aí. Achando-se presidenciável, o governador de Goiás, Ronaldo
Caiado, acusou Lula de patrocinar a transição do Brasil para um Estado
narcotraficante. Nem as milícias digitais diriam melhor.
Tarcísio de Freitas, o candidato militar e
"moderado" da vez, trabalha em sintonia com o secretário de Segurança
que se espelha no presidente de El Salvador, Bukele, o queridinho da extrema
direita. O capitão Derrite mira o governo do estado ou o Senado e, como
credenciais, apresenta a estatística do horror: o número de pessoas de 10 a 19
anos mortas
por PMs de São Paulo subiu 120% entre 2022 e 2024. O aumento da
letalidade coincidiu com o discurso sem lógica contra câmeras corporais.


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