Críticos do ministro agem por mistura de miopia com
mutreta
Alexandre
de Moraes está obviamente certo em decretar a prisão domiciliar
de Jair
Bolsonaro.
Bolsonaro não foi preso porque tentou um golpe de Estado
depois de perder a eleição de 2022. Esse processo ainda está em andamento.
Bolsonaro só deve ser preso por isso depois de condenado.
Foi preso agora em outro inquérito, instaurado porque Jair
cometeu, com seus cúmplices Eduardo e Donald, a mais clara e evidente tentativa
de obstrução de Justiça da história moderna: a maior superpotência do mundo
tomou a economia brasileira como refém até que o Judiciário brasileiro aceite
entregar para os Estados
Unidos o direito de dizer que leis valem ou não valem em nosso
território.
É como se o Primeiro Comando da
Capital parasse São Paulo para exigir a libertação de Marcola, em um
cenário em que o PCC tivesse armas nucleares, um PIB de US$ 30 trilhões e
tivesse começado a queimar as empresas brasileiras com os funcionários dentro.
Por excesso de cautela, Moraes não prendeu Bolsonaro no dia
em que Trump declarou guerra ao Brasil. Ao invés disso, impôs ao criminoso
medidas cautelares. Se Jair não acirrasse a guerra de Trump contra a
Constituição Brasileira, permaneceria solto.
No último domingo, os bolsonaristas organizaram uma
manifestação que defendia a obstrução de Justiça com cumplicidade de potência
estrangeira.
Em flagrante violação da cautelar e dos princípios
elementares da decência, Jair Bolsonaro enviou uma mensagem de apoio à
manifestação. A mensagem foi postada na rede do senador Flávio
Bolsonaro com a legenda "Thank you, America".
Não, não tem nada a ver com liberdade de expressão.
Isso está claríssimo na decisão de Moraes. Bolsonaro estava
proibido de fazer qualquer coisa com "a finalidade de continuar a induzir
e instigar chefe de Estado estrangeiro a tomar medidas para interferir
ilicitamente no regular curso do processo judicial, de modo a resultar em
pressão social em face das autoridades brasileiras, com flagrante atentado à
soberania nacional" (folhas 6 e 7).
Mas então, perguntará o leitor, porque tanta gente que não é
bolsonarista criticou a decisão de Moraes?
É uma mistura de miopia com mutreta.
Oportunistas como Gilberto
Kassab ou Eduardo Leite fizeram
o seguinte cálculo: Jair vai ser preso, a democracia está salva. Já é seguro
criticar o Xandão. Com isso, eu saio na frente na corrida pelos votos dos
bolsonaristas em 2026.
Criticar político por ser oportunista é reclamar que a chuva
molha. Mas o jogo atual dos oportunistas é perigosíssimo.
O Brasil está sob cerco da maior superpotência do mundo. Os
golpistas podem ganhar a maioria do Senado ano
que vem. Semana passada, os veteranos do golpe de 2022 pararam o Congresso,
humilhando o presidente da Câmara
dos Deputados. A democracia está longe de estar segura.
Se cada político (ou veículo de mídia) passar a criticar
Moraes agora para assegurar sua carteirinha de ponderado quando a crise tiver
passado, a crise não vai passar. Trump se sentirá encorajado a manter as
sanções contra o Brasil, por perceber que a quinta coluna bolsonarista ganhou
mais adeptos.
Calma, oportunista. Sua hora talvez chegue, mas ainda não é
agora. E, se alguém estiver desesperado pela carteirinha de ponderado, pode
ficar com a minha. Nunca me serviu para nada.


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