Município de São Paulo paga R$ 1 milhão em shows em templo da Renascer e patrocina evento da Lagoinha com R$ 4 milhões
A prefeitura de São
Paulo vai bancar dois eventos evangélicos neste fim de ano. O
primeiro, pagando por todos os shows do “Especial Fim de
Ano – Aline Barros e Convidados“, neste sábado (27/12), dentro de um templo
da Igreja Renascer em Cristo. Depois, repassando R$ 4 milhões à Convenção
Lagoinha, do pastor André Valadão, para bancar o Vira Brasil – São
Paulo, na virada de ano, na Neo Química Arena, estádio do Corinthians.
O evento da Renascer está sendo apresentado como sendo no “Ginásio
da Portuguesa”, espaço construído para ser um ginásio dentro da Portuguesa, mas
que há 10 anos está alugado para a designação evangélica, inclusive tendo
sido renomeado
“Renascer Arena”.
A prefeitura contratou ao menos sete shows que serão
realizados durante um mesmo dia, no sábado, em evento que está sendo divulgado
com o nome de “Especial Fim de Ano – Aline Barros e Convidados”. As
contratações não citam tratar-se de evento ligado a uma igreja.
A apresentação da estrela de festa custou R$ 220 mil aos
cofres públicos, que também pagam pelos shows de Anderson Freire (R$ 180 mil),
Imaginaline (R$ 140 mil), Preto no Branco (R$ 120 mil), Jottape (R$ 100 mil),
Nesky Only (R$ 90 mil), André e Felipe (R$ 80 mil) e Soraya Moraes (R$ 70 mil).
Uma soma que dá exato R$ 1 milhão.
Já a Convenção Batista Lagoinha recebeu R$ 4 milhões
da Secretaria Municipal
de Turismo a título de patrocínio de um “Evento cultural de grande
porte na Neo Quimica Arena”, o Vira Brasil, durante o Réveillon. Trata-se do
mesmo evento religioso que já deu polêmica no ano passado, quando
aconteceu no Allianz Parque, estádio do Palmeiras.
Na ocasião, moradores protestaram contra a festa, que virou
a madrugada. A prefeitura chegou a negar o alvará do evento, mas voltou atrás
depois que a Câmara Municipal aprovou a toque de caixa uma modificação no PSIU
para acabar com a restrição de horário para shows autorizados pela prefeitura —
essa flexibilização foi derrubada pela Justiça em setembro e, hoje, a restrição
pelo PSIU segue válida.
Este ano, Valadão chegou a pagar R$ 40 mil pelo pedido de
alvará no Allianz, mas a festa trocou de local com apoio de Ricardo Nunes (MDB),
que foi pessoalmente ao templo evangélico para anunciar a novidade junto de
Valadão, no início do mês.
“Queria te agradecer. Quando você estava nos EUA, você
falando por vídeo, você falando da sua vontade de fazer essa grande festa para
o povo… Estou muito feliz de estar ajudando. Eu te amo, cara”, disse Nunes a
Valadão durante culto evangélico no dia 30 de novembro.
O pedido oficial de patrocínio, assinado por Valadão, só foi
remetido à prefeitura no dia 13 de dezembro. No documento, o item “objetivo
geral” foi preenchido assim: “Realizar um grande evento de virada de ano que
una arte, cultura e propósito, transformando São Paulo em um ponto de encontro
para famílias brasileiras, jovens e comunidades celebrarem o novo ano com
esperança e alegria. O projeto busca fortalecer a cultura brasileira,
inspirar pessoas por meio da música e promover um ambiente de integração social,
valorização cultural e celebração dos laços que unem o povo brasileiro”.
Ao detalhar a composição do valor pedido, a Lagoinha cita
que R$ 2.792.690,00 (R$ 2,7 milhões) serão pagos ao Corinthians a título de
aluguel do estádio. O evento tem parte das entradas gratuitas e parte cobrada.
Os ingressos mais caros custam R$ 3 mil e R$ 7 mil, mais taxas.


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