sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

RELEMBRANDO MANDELA

Da Fundação Astrojildo Pereira (FAP)

Nelson Mandela: 12 anos da morte do gigante que combateu o Apartheid na África do Sul

Neste dia 5 de dezembro de 2025, completam-se doze anos da morte de Nelson Mandela, o gigante sul-africano que encarnou a luta pela liberdade e justiça, combatendo o Apartheid na África do Sul. O ex-presidente do país, que morreu em 2013, aos 95 anos, em Johanesburgo, é lembrado como um dos maiores estadistas do século 20.

Nelson Rolihlahla Mandela nasceu em 18 de julho de 1918, na província de Mvezo. Sua origem remonta ao clã Xhosa, pois seu pai, Henry Gadla, descendia de Thembu, um chefe local. Filho da terceira esposa de Gadla, Nosekeni Fanny, Mandela era o quarto de treze filhos. Ele cresceu em uma região agropastoril, seguindo tradições, e recordava que sua educação vinha de “ouvir as conversas dos mais velhos”. Aos 12 anos, perdeu o pai e, seguindo os passos maternos, frequentou uma escola missionária metodista.

Em 1939, ingressou na Universidade de Fort Hare, outra instituição cristã, como um dos 50 estudantes negros. Sua revolta contra a segregação racial o levou ao envolvimento na política estudantil e, posteriormente, à mudança para Johanesburgo. Ali, como jovem estudante de Direito, ele aderiu decididamente aos movimentos pelo fim do Apartheid. O Apartheid era o regime político sul-africano que negava direitos políticos, sociais e econômicos à população negra em favor da minoria branca.

A adesão ao Congresso Nacional Africano (CNA) ocorreu em 1942. Embora o movimento estivesse inicialmente comprometido apenas com atos não violentos, a brutalidade do regime forçou uma mudança de tática após o massacre de Sharpeville, em 21 de março de 1960. Naquele episódio, 69 manifestantes negros desarmados foram mortos e 180 ficaram feridos pela polícia sul-africana. A ilegalização subsequente do CNA e de outros grupos anti-apartheid também contribuiu decisivamente para a mudança do movimento contra a segregação racial.

Extensão armada

Em 1961, Mandela passou a comandar o Umkhonto we Sizwe, extensão armada do CNA, coordenando uma campanha de sabotagem contra alvos militares e do governo. Sua prisão ocorreu em agosto de 1962, sentenciado a cinco anos por incentivar greves e viajar ilegalmente ao exterior. Em um segundo julgamento, em 12 de junho de 1964, foi condenado à prisão perpétua por planejar ações armadas e, alegadamente, por conspiração para auxiliar a invasão da África do Sul por outros países — acusação esta que ele negou ter feito.

Durante os 27 anos de encarceramento, Mandela transformou-se no principal símbolo da resistência ao regime racista. Manifestações e cânticos mundiais clamavam por sua liberdade. Sua libertação veio em 1990, por ordem do então presidente Frederik Willem de Klerk, no auge da pressão internacional, e o CNA também foi tirado da ilegalidade. Aos 73 anos, com a queda do violento presidente Pieter Botha e a decadência do regime, Mandela assumiu a liderança da reconstrução sul-africana. Em 1993, em reconhecimento aos esforços desenvolvidos no sentido de acabar com a segregação racial, ele e De Klerk receberam o Nobel da Paz.

Ao ser liberto, discursando para uma multidão na Cidade do Cabo, Mandela resumiu seu ideal: “Tenho lutado contra a dominação branca, mas não pela dominação negra”. Ele acolheu o “ideal de uma sociedade democrática e livre na qual todas as pessoas vivam juntas, em harmonia e com oportunidades iguais”. Afirmou que era um ideal pelo qual esperava viver e alcançar, mas que, se necessário, estava preparado para morrer.

Dura vigilância

O homem de modos elegantes, submetido a quase três décadas de dura vigilância na prisão, não se deixou quebrar pelo regime racista. Mandela preservou sua mente e sua alma, saindo da prisão sem o rancor que poderia ser esperado, mas sim com a consciência da necessidade de evitar a fragmentação do país e um banho de sangue. Ele se preparou para governar a África do Sul como uma voz sábia em prol da justiça e da liberdade, erguendo-se como um dos grandes personagens do século 20. Retornando ao princípio da não-violência com o qual havia começado, Mandela foi capaz de liderar o país no difícil caminho para fora da segregação racial.

Para garantir a união nacional, seu governo instituiu as comissões da verdade e da reconciliação, encarregadas de investigar as atrocidades cometidas não só pelo regime do Apartheid, mas também pelos grupos que lutavam contra o governo. A condição para a anistia dos crimes era a confissão perante as comissões, em audiências públicas. Esse processo de revelação da verdade possibilitou que o país começasse a se curar dos longos anos de profunda violência e injustiça.

Apesar do respeito internacional, da popularidade e de sua boa saúde, o líder sul-africano optou por não se perpetuar no poder, dando novamente um exemplo ao mundo. Mandela governou por apenas quatro anos, de 1994 a 1999, traçando o rumo para a nação, que ainda hoje lida com enormes desafios socioeconômicos e alto índice de desigualdade.

A vida pública de Mandela chegou ao fim em junho de 2004, quando ele tinha 85 anos, embora tenha mantido uma exceção para seu compromisso em lutar contra a Aids. Desde então, recebeu importantes e sucessivas homenagens. Em sua vida, visitou o Brasil em 1991 e em 1998, ocasião em que esteve no Senado Federal. Mandela se casou três vezes: primeiro com Evelyn Ntoko Mase (divórcio em 1957, após 13 anos de casamento); depois com Winnie Madikizela (divórcio em 1996, após 38 anos); e, no seu 80º aniversário, casou-se com Graça Machel, viúva de Samora Machel, antigo presidente moçambicano e aliado do CNA.

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